Boeing 737 MAX. Proibição de sobrevoar Portugal depende de entidade europeia
12-03-2019 - 10:01
 • Marta Grosso com redação

Presidente da Autoridade Nacional de Aviação Civil esteve na Renascença para dar mais explicações sobre o acidente aéreo na Etiópia, no último domingo.

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Qualquer decisão sobre uma proibição de os Boeings 737 Max 8 sobrevoarem o espaço aéreo português está a cargo da Agência Europeia de Segurança da Aviação Civil, que regula todo o espaço europeu.

É a “EASA – a Agência Europeia de Segurança da Aviação Civil – que revê o licenciamento que deu a este aparelho e diz que, por uma questão de precaução, todos eles ficam impedidos de voar no espaço europeu. Não é uma decisão dos Estados individuais”, explica na Renascença o presidente da Autoridade Nacional de Aviação Civil (ANAC).

“Em Portugal, não há operadores portugueses a operar este tipo de avião”, afirma Luís Miguel Ribeiro, avançando que os países e companhias aéreas que decidiram afastar o Boeing 737 Max 8 tomaram essa decisão por “uma questão de precaução”, dado que “é ainda demasiado cedo para se saber se isto é um problema do avião, do software do avião, do hardware ou apenas de formação dos pilotos em alguns sistemas específicos deste avião”.

Austrália e de Singapura foram os mais recentes países a proibir aquele modelo da Boeing a sobrevoar o seu espaço aéreo. Antes, as companhias aéreas China e Ethiopian Airlines tinham decidido deixar de operar o mesmo modelo.

As decisões surgem na sequência de dois acidentes fatais com este modelo em menos de 5 meses. O último foi no domingo, na Etiópia, e morreram 157 pessoas, todos os ocupantes do aparelho.

Convidado no programa As Três da Manhã, Luís Miguel Ribeiro explica que este Boeing “é um avião que, nas suas primeiras versões, está a voar desde 1996”. O 737 MAX 8 “é uma versão mais recente de um modelo que já está muito testado”, ressalva.

É, por isso, agora apurar o que terá levado aos acidentes aéreos, sendo que, “muitas vezes”, estes acidentes resultam de “uma acumulação de fatores”.

“Nunca é apenas um fator único, o que acontece é uma série de situações que leva a um acidente”, sublinha o presidente da ANAC, acrescentando que, no que diz respeito à Etiópia, “fala-se de um sistema de software recente introduzido neste modelo de aparelhos que pode estar na origem do acidente. É uma questão para as autoridades de investigação de acidentes aéreos apurarem, e rapidamente”.

Para tal, “tem havido contactos ao nível técnico”, entre a EASA e a autoridade americana, “que é a entidade primária de certificação – dado que este é um modelo americano – e naturalmente que estão a seguir as investigações no terreno, na Etiópia”.

Questionado sobre se existe alguma lista de companhias aéreas a evitar, Luís Miguel Ribeiro confirma que “existe uma lista chamada 'lista negra' de companhias estrangeiras que estão proibidas de voar no espaço aéreo europeu”.

“Essa lista é pública, está no site da EASA, e tem a ver com preocupações de segurança, muitas vezes de manutenção dos próprios aviões. Essa lista pode abranger a companhia, pode abranger alguns modelos de avião operados por uma determinada companhia, depende muito”, adianta.

Voar é cada vez mais seguro

O presidente da ANAC é perentório: “o setor da aviação civil na Europa é perfeitamente seguro e altamente regulado”.

“É um setor que, fruto de todos os mecanismos de segurança que tem, não tem tido acidentes nos últimos anos, portanto é um motivo de regozijo para todos os europeus”, afirma Luís Miguel Ribeiro.

“Não é infalivelmente seguro – são sistemas humanos, são sistemas humanos, são máquinas construídas pelo homem e, portanto, não há 100% de certeza – mas posso dizer que 2017 foi o ano mais seguro da aviação na história e não houve acidentes na aviação comercial, sendo que há cada vez mais aviões no ar”, destaca.

Existe, por isso, “um motivo de orgulho para todos nós, europeus”.

Quanto às companhias “low cost”, o presidente da ANAC diz que seguem os mesmos parâmetros das outras.

“Não há companhias menos seguras em Portugal ou em qualquer país europeu, porque os ‘standards’ que se lhe aplicam são os mesmos que a uma companhia de bandeira”, garante.

“Aquilo que os separa são os níveis de serviço, as vendas de outros produtos... na segurança não se corta, nem podemos admitir que se corte”, conclui.


Em cinco meses, caíram dois aviões do modelo Boeing 737 Max 8. O mais recente acidente aconteceu no domingo, quando um aparelho da Ethiopian Airlines se despenhou com 157 pessoas a bordo. Ninguém sobreviveu.