As inundações causadas pela destruição da barragem de Kakhovka deixaram 77 feridos e obrigaram à retirada de pelo menos sete mil pessoas da região de Kherson, no leste da Ucrânia, disseram as autoridades russas.
O governador interino imposto pela Rússia em Kerhson, Vladimir Saldo, disse no sábado que, entre as pessoas retiradas, 323 eram crianças e 112 pessoas com mobilidade reduzida.
"Cerca de 1.500 pessoas estão em centros de alojamento temporário, 77 pessoas dos territórios afetados foram hospitalizadas em instituições médicas da região", acrescentou Saldo.
Numa mensagem publicada na plataforma Telegram, o dirigente acusou o exército ucraniano de bombardear áreas onde as autoridades estão a realizar esforços de resgate de pessoas e "outros trabalhos de emergência".
Também no sábado, o Presidente ucraniano Volodymyr Zelensky denunciou o bombardeamento pelo exército russo de vários pontos de retirada de civis das zonas de Kherson controladas por Kiev.
Zelensky acusa o mundo de "indiferença"
Já na sua habitual mensagem noturna ao país, Volodymyr Zelensky reiterou as críticas à falta de apoio por parte das organizações internacionais.
"Agora, infelizmente, vemos que a alguns níveis, no mundo, existe uma indiferença vergonhosa em relação ao ecocídio e à tragédia humana causada pelo ataque terrorista russo à central hidroeletrica de Khakhovka. Quando as organizações internacionais que supostamente protegem a vida à escala global não têm tempo para organizar e enviar uma missão de salvamento para o território ocupado numa semana em que alguns atores globais não se atrevem a vir a público com declarações claras e fortes que condenariam este novo crime de guerra russo, os terroristas são alimentados por esta fraqueza do mundo", aponta.
Zelensky admitiu a existência de "ações contraofensivas" do exército ucraniano na frente de batalha sem, no entanto, esclarecer se se trata do grande ataque preparado por Kiev há vários meses.
Vladimir Saldo assegurou que o nível da água continua a descer em Kherson e que as autoridades estão "a trabalhar ativamente" para retirar água das caves de habitações, limpar as ruas e restabelecer o fornecimento de energia e os serviços de saneamento básico.
A empresa hidroelétrica russa, RusHydro, previu no sábado que a água do rio Dnieper volte ao caudal normal a 16 de junho, pelo menos na parte baixa de Kakhovka, onde se encontrava a barragem destruída parcialmente na terça-feira.