Uma equipa de médicos especialistas do Centro Hospitalar de Lisboa Central (CHLC) fez nascer um bebé por cesariana a uma mãe que se encontrava há 15 semanas em morte cerebral.
O bebé, um menino, nasceu esta terça-feira com 2,350 quilos depois de uma gestação de 32 semanas, num procedimento sem complicações durante e depois. Ficou depois internado na Unidade de Cuidados Intensivos do centro hospitalar.
De acordo com as equipas médicas de Obstetrícia e da Unidade de Neurocríticos e restantes cínicos que acompanharam o caso, trata-se do período mais longo alguma vez registado em Portugal – 15 semanas – de sobrevivência de um feto em que a mãe está em morte cerebral.
O comunicado enviado às redacções pelo CHLC explica que a morte cerebral da mãe, de 37 anos, ocorreu na sequência de uma hemorragia intracerebral e foi declarada no dia 20 de Fevereiro, pelas 23h43.
“Perante a gravidez em curso”, lê-se no comunicado, a mãe “foi avaliada pela Especialidade de Obstetrícia, que considerou que o feto se encontrava em aparente condição de saúde”. Depois de um parecer da Comissão de Ética e Direcção Clínica do CHLC e numa decisão concertada com a família da mãe e a família paterna da criança, “foi acordada a manutenção da gravidez até às 32 semanas, por forma a garantir a viabilidade do feto”.
A administração do CHLC procedeu então à nomeação de um Conselho Científico para acompanhamento do processo, em cuja composição se integrou um representante da Ordem dos Médicos, um representante da Comissão de Ética, um obstetra e a equipa de intensivistas.