O deputado único do Livre, Rui Tavares, defendeu, esta segunda-feira, que o pacote do Governo para apoiar as famílias e pensionistas e combater a inflação é "demasiado pouco" e vem "demasiado tarde", apontando oito lacunas às oito medidas anunciadas.
"Tarde é melhor do que nunca e pouco é melhor do que nada, mas este plano vem demasiado tarde e é demasiado pouco", sublinhou Rui Tavares, na Assembleia da República, em declarações aos jornalistas.
Tavares enumerou aquelas que considerou serem as "oito lacunas" das oito medidas apresentadas pelo executivo de António Costa, entre elas, "a dimensão do próprio pacote", que tem um valor global de 2.400 milhões de euros.
"É 23 vezes menor do que o alemão. Sendo que a população é oito vezes menor e o PIB [Produto Interno Bruto] 17 vezes menor, está aquém", apontou.
Plano sem coragem, diz deputado único do Livre
O deputado único lamentou que não tenham sido anunciadas medidas "de vulto" nos transportes públicos, referindo que houve países a avançar com a gratuitidade. Quanto às pensões, disse que a prestação extraordinária prevista "é regressiva".
"É bem-vinda, mas ajuda mais quem já ganha mais se ela fosse valor absoluto em vez de ser em percentagem ajudaria mais os pensionistas mais pobres. (...) Os pensionistas não ganham, em geral, rendimento. Na melhor das hipóteses não perderão se as previsões do Governo em relação à inflação se mantiverem, estiverem certas, mas já estiveram erradas", salientou.
Rui Tavares disse também que "não há nada sobre eficiência energética", nada de "corajoso" em relação aos lucros extraordinários das empresas, e lamentou que o executivo não tenha avançado com um "compromisso adicional no Salário Mínimo Nacional".
Tavares criticou ainda o facto de não existir, na sua opinião "inovação nas políticas públicas", argumentando que "momentos de guerra são momentos para pensar de forma diferente".
No entanto, Tavares disse haver um "reconhecimento" por parte do Governo de que a inflação é um fenómeno estrutural, acrescentando que haverá "caminho a fazer" até ao Orçamento do Estado para 2023, cuja discussão acontecerá em outubro.