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A diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, disse esta quarta-feira que Portugal está "longe de ter um verão descontraído e seguro", tendo registado cerca de 60 mil novos casos na semana passada, um número superior aos picos de todas as vagas até ao momento, com a única exceção a ter sido o último inverno.
"A transmissibilidade é ainda muito elevada, com tendência geral decrescente e R(t) inferior a 1, mas o número de casos continua alto. Na última semana foram registados cerca de 60 mil novos casos e esse número é superior aos picos das curvas epidémicas anteriores, exceto a do último inverno. Por isso, estamos longe de chegar a um patamar que nos permita ter um verão seguro e descontraído", disse em conferência de imprensa.
Num balanço da situação epidemiológica em que reforçou o apelo à adoção de medidas de proteção individual durante o período da Páscoa, a responsável da DGS indicou que, apesar do vírus da Covid-19 ter atualmente um "impacto menor", é necessário que quem está elegível para ser vacinado que o faça. Atualmente, a variante dominante em Portugal é a BA.2, que representa 98,2% dos casos, mas a diretora-geral da Saúde não descarta o aparecimento de novas variantes.
A mortalidade, um indicador que “traz preocupação” à DGS mantém-se “estável e ligeiramente decrescente", mais ainda superior ao valor limiar de 20 óbitos por milhão de habitantes, estando nos 28,5. "Creio que vamos baixar [do limite de 20], a não ser que surja outra linhagem da variante Ómicron. A tendência da pandemia é decrescente. Está num nível elevado mas está a baixar", afirmou Graça Freitas.
Recomendado uso de máscaras e arejamento de espaços
Dada a “natural mobilidade das pessoas” e o convívio entre famílias no período de Páscoa, a diretora-geral da Saúde indicou que a estratégia é a de “proteger os mais vulneráveis: os mais velhos, os mais idosos e os que se encontram em instituições''.
“Não podemos aliviar medidas sem esperar que isso tenha repercussões na epidemia”, disse, lembrando que, apesar da descida do número de casos, não foi ainda atingido um patamar baixo que justifique o fim de medidas de proteção individual como o uso de máscaras. Graça Freitas recomendou ainda o arejamento de espaços fechados como uma medida alternativa para a redução do risco de transmissão do vírus.
Respondendo a perguntas, Graça Freitas afirmou que o uso de máscaras também continuará nas escolas, dado que é o único elemento de proteção que existe, acrescentando que não é expectável um "aumento exponencial" do número de casos após a Páscoa.
Avançou ainda que está a ser feito um apuramento do número total de reinfeções da Covid-19, que será tornado público brevemente.
Na atualização diária desta terça-feira, a DGS deu conta de que foram registados nas 24 horas anteriores 23 óbitos por Covid-19 e 11.162 novos casos. No relatório semanal divulgado na passada semana, a incidência a sete dias estava em 602 casos por 100 mil habitantes, enquanto a mortalidade registada foi de 14 vítimas por milhão de habitantes entre 29 de março e 4 de abril. Nesse dia estavam internados 1.110 doentes com Covid-19, dos quais 60 em unidades de cuidados intensivos.
Até ao início da passada semana, 92% dos portugueses tinham a vacinação completa contra a Covid-19 e 61% tinham a dose de reforço.
Quarta dose da vacina não é uma questão de "se", mas sim de "quando" e "quem"
Graça Freitas falou ainda sobre uma nova dose de reforço da vacina: “Não se põe em questão se é necessária ou não. A questão é diferente, para quem ela será necessária no futuro - e os estudos vão-nos demonstrando quem são as populações que mais beneficiam de uma quarta dose - e outra questão é o tempo em que esta quarta dose será administrada.
Este “timing” é dado pela evolução da pandemia, explicou a responsável da DGS, referindo que uma nova variante ou uma outra vaga pode levar à ponderação e aceleramento de uma quarta dose.
“Se durante o verão não tivemos uma nova vaga, ponderamos a vacinação mais para a frente, perto da vaga do inverno. A questão aqui é sobre quem beneficia mais com a quarta dose e qual o tempo ideal para que essa dose seja administrada.”
À Renascença, a diretora-geral da Saúde disse ainda não ter chegado o chegou o tempo de abandonar a máscara nos espaços fechados. Em entrevista no início da semana, Graça Freitas defendeu que há que "jogar com segurança e não perder nada do que já foi adquirido" e, por isso, considera ser "seguro esperar mais uns dias”.