A presidente do Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC), Lucinda Passo, avisou esta terça-feira que "está nas mãos da Ryanair" evitar uma greve europeia coordenada entre vários sindicatos do continente que reconhecem os problemas "transversais" que se enfrentam.
Citada pela agência Lusa, Passo falou na qualidade de porta-voz dos sindicatos de seis países que estiveram representados esta tarde numa reunião em Lisboa, um encontro que foi convocado para discutirem ações conjuntas contra a Ryanair.
Horas antes dessa reunião, na Manhã da Renascença, Bruno Fialho, um dos membros da direção do SNPVAC, já tinha avançado que estava a ser ponderada uma greve europeia "contra o 'bullying' e a discriminação" da multinacional irlandesa.
“Infelizmente, é uma questão até cultural da própria Ryanair. Cresceu
desta forma, não sabe ser gerida de outra maneira e, portanto, utiliza
este tipo de 'bullying', chantagem, discriminação em trabalhadores”, sublinhou o sindicalista português.
Já no final do encontro, que juntou na capital lisboeta representantes sindicais de Portugal, Bélgica, Holanda, Itália, Espanha e Alemanha, a presidente do SNPVAC confirmou aos jornalistas não só que uma greve a nível europeu continua no horizonte mas também que poderá ser convocada para um período de maior congestionamento de voos, eventualmente este verão.
“A Ryanair deve iniciar negociações com os representantes nomeados por cada sindicato, sem colocar antecipadamente quaisquer restrições”, lê-se na declaração conjunta dos sindicatos, na qual exigem ainda a aplicação dos "mesmos termos e condições contratuais e legais" a todos os trabalhadores, incluindo os subcontratados.
Se a empresa não cumprir as condições, os “sindicatos signatários [CNE/LBC, SITCPLA, SNPVAC, UILTRASPORTI e USO] comprometem-se a iniciar os procedimentos necessários para a convocação de uma ação industrial conjunta, incluindo o recurso à greve, a ter lugar durante o verão de 2018”, é acrescentado no documento.
A reunião desta terça-feira teve lugar semanas depois da greve dos tripulantes de cabine da Ryanair, que foi desencadeada em Portugal durante o fim-de-semana da Páscoa e que pôs os vários sindicatos do setor sob alerta.
Nos últimos meses têm aumentado as denúncias de ilegalidades cometidas pela empresa de aviação 'low-cost'. Uma dessas ilegalidades passou pela pressão sobre os trabalhadores estrangeiros para que substituíssem grevistas, o que abriu uma janela para esta convergência entre os sindicatos europeus.