A Associação Nacional de Médicos de Saúde Pública (ANMSP) defende a continuidade do uso de máscara ao ar livre, mas também há especialistas que consideram que esta é a altura indicada para acabar com a medida.
Depois de tanto PS como PSD terem antecipado que vão votar no sentido de terminar com o fim do uso obrigatório de máscara ao ar livre, Gustavo Tato Borges, presidente da ANMSP, reiterou o que a associação já tinha dito no mês anterior: o recomendável é manter-se o uso de proteção contra a Covid-19 na rua.
"A utilização de uma máscara é uma medida de proteção individual bastante eficaz e que corta a transmissão de doenças respiratórias. Portanto, é uma mais-valia que cada continue a usá-la, mesmo que esteja no exterior, porque acaba por se proteger a si e aos outros", explicou, à Renascença.
O presidente da ANMSP realçou que com a "chegada do inverno", a máscara é um método que pode minimizar o risco de contágio.
Gustavo Tato Borges referiu que esta posição "não é política" e que a Assembleia da República "é quem tem o direito de decisão", mas, em termos de risco, a Associação continuia a achar vantajoso o uso da máscara.
"Temos de avaliar o que o fim do uso de máscara poderá trazer em termos de riscos e benefícios. Estamos com uma taxa de incidência ainda superior ao que é desejável", apontou ainda.
"É o momento certo"
De opinião contrária, o Bastonário da Ordem dos Médicos considera que o fim do uso obrigatório de máscara ao ar livre "é importante".
"Acho que é o momento certo para deixarmos de utilizar a máscara na rua, sobretudo se as pessoas continuarem a cumprir as outras regras de prevenção e proteção", afirmou, ouvido pela Renascença.
Miguel Guimarães disse ainda que "já se começa a verificar que muitas pessoas já andam tranquilamente sem máscara".
À Renascença, o infecciologista Jaime Nina contou ser da mesma opinião.
"A máscara ao ar livre sempre foi muito controversa, porque a evidência da sua eficácia é mínima. Muitos países não aderiram e não se notou diferenças nos números de casos registados", explicou.
O especialista considerou que a medida foi importante do ponto de vista "pedagógico", pois ajudou as pessoas a "habituarem-se a usar máscara", porém agora o cenário mudou.
"À partida, o fim do uso ao ar livre não me parece errado"; reiterou Jaime Nina.