O vice-presidente executivo da Comissão Europeia Valdis Dombrovskis pediu este sábado aos Estados-membros da União Europeia (UE) prudência orçamental perante o atual "período intensamente exigente", dada a elevada inflação e a acentuada crise energética.
"Todas as economias da UE estão a atravessar um período intensamente exigente. Como sabemos, as pressões vêm de muitos lados: inflação recorde e questões de fornecimento de energia, entre outras, que estão a travar o crescimento e a restringir o espaço de manobra política e, por isso, é importante que atravessemos o período difícil com as políticas corretas e de forma coordenada", declarou Valdis Dombrovskis.
Falando em conferência de imprensa no final de uma reunião informal dos ministros das Finanças da UE, em Praga, no âmbito da presidência checa do Conselho, o responsável europeu vincou que, "no próximo ano, a política orçamental tem de ser prudente".
"Tem de dar prioridade à sustentabilidade orçamental e ser coerente com a tarefa do Banco Central Europeu de reduzir a inflação", acrescentou Valdis Dombrovskis, depois de o BCE ter decidido aumentar em 75 pontos base as suas três taxas de juro diretoras, o segundo aumento consecutivo deste ano.
E após os governos da zona euro terem admitido já na sexta-feira que a guerra na Ucrânia e a crise energética aumentaram o risco de recessão, o vice-presidente executivo da Comissão Europeia disse, ao mesmo tempo, ser necessário "ajudar as pessoas e empresas que mais sofrem, pelo que as medidas de apoio têm de ser bem direcionadas e temporárias".
"Isto é importante para conter os impactos orçamentais, tendo em conta a grande escala do choque e os limitados meios disponíveis", adiantou.
Valdis Dombrovskis exortou ainda a "progressos na revisão do futuro quadro de governação económica da UE", apontando que a Comissão Europeia irá avançar com orientações sobre essa matéria este outono e que "parece haver uma ampla convergência sobre estas prioridades".
Em concreto, o responsável afirmou ser necessário "assegurar que a dívida pública está efetivamente a diminuir", prestar "a devida atenção à composição e qualidade das finanças públicas", bem como reduzir "a complexidade e melhorando o cumprimento" das regras orçamentais.
Os governos da zona euro já vieram admitir que a guerra na Ucrânia aumentou o risco de recessão, mas descartam que a economia esteja inevitavelmente condenada a cair e prometem tomar medidas para combater a inflação e mitigar o seu impacto.
A subida dos preços da energia agravada pela invasão empurrou a inflação na zona euro para um recorde de 9,1% em agosto e obrigou a baixar as previsões de crescimento para os 19 países, a ponto de o BCE antecipar uma recessão no caso de um corte total do gás russo.