O Banco de Portugal revê em baixa as previsões de crescimento da economia portuguesa e uma taxa de inflação de 4% este ano, devido aos efeitos da guerra na Ucrânia.
No boletim económico divulgado esta quinta-feira, a instituição liderada pelo governador Mário Centeno revê em baixa crescimento para 2022 em 0,9 pontos percentuais, para 4,9%.
A inflação foi revista em forte alta para 2022. Deve ficar em 4%, mais 2,2 pontos percentuais.
A pandemia, a invasão da Ucrânia e o aumento dos preços das matérias primas e energia explicam esta correção.
A sustentar o crescimento está a recuperação das exportações e, sobretudo, do turismo. O Banco de Portugal destaca ainda o investimento empresarial, que cresce cerca de 5%, animado pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). Se estes investimentos falharem, pode ficar em causa o crescimento da economia, alerta Mário Centeno.
Tendo em conta o prolongamento da ofensiva russa e o impacto da alta dos preços, entre outras variáveis, o supervisor admite ainda um cenário adverso, em que os preços aumentam ainda mais e a economia pode mesmo estagnar.
Mais uma vez, nem todos vão sentir os efeitos da mesma forma. Há sectores duplamente afetados, que ainda não recuperaram da pandemia e estão a ser fortemente atingidos por este choque de preços, admite o governador.
A boa notícia, sobretudo para quem deve dinheiro ao banco, é que os juros não devem subir para já. Mário Centeno admite que se mantenham baixos até ao final de 2024.
O Banco de Portugal prevê que a taxa de desemprego caia para 5,9% este ano, ligeiramente abaixo dos 6% anteriormente previstos.
O regulador bancário prevê que a taxa de desemprego diminui para 5,9% em 2022, para 5,7% em 2023 e para 5,6% em 2024, face aos 6,6% registados em 2021.
Mas apesar do elevado ritmo de contratações, o Banco de Portugal não antecipa uma subida dos salários, devido à proteção dada ao emprego no pico da pandemia.
Sobre o novo Governo, nomeadamente o novo ministro das Finanças, Mário Centeno não faz comentários. O governador diz apenas que o Banco de Portugal irá vigiar os preços, não lhe cabe vigiar mais nada, mas acrescenta que as contas públicas caminham para o equilíbrio e há condições para reduzir a dívida pública para 100% do PIB, até 2026.