A deputada dos Verdes Mariana Silva citou este domongo o poeta Jorge de Sena para lembrar “a cor” da liberdade e pediu que se continue “a colorir” Portugal com o que “ficou por fazer” na justiça, na saúde.
Na sessão comemorativa, no parlamento, dos 47 anos do 25 de Abril de 1974, que devolveu a liberdade e a democracia, a deputada do Partido Ecologista “Os Verdes” (PEV) começou por citar o poema “A Cor da Liberdade”, de Jorge de Sena (1919-1978), que começa com os versos “Não hei-de morrer sem saber/ qual a cor da liberdade”.
De seguida, afirmou que Abril, dos capitães da Revolução dos Cravos, é sinónimo “de cor, de alegria, de festa, de paz” pelo “fim do cinzentismo, do silêncio, da mordaça, da fome, da ignorância”, que representou a ditadura de Salazar e Caetano.
“É preciso continuar a colorir o futuro, com tudo o que ainda ficou por fazer”, pediu, para logo a seguir dar os exemplos em áreas em que os Verdes tem vindo a insistir, da saúde ao ambiente, dos transportes à justiça.
É preciso, afirmou, continuar “a colorir os dias das crianças e jovens, que viram as suas brincadeiras, aprendizagens e desenvolvimento interrompidos”, numa referência aos problemas nas escolas, afetadas pela pandemia de covid-19, que não mencionou.
Depois, em mais uma referência implícita à crise epidémica, disse ser preciso continuar “a colorir os dias com um Serviço Nacional de Saúde robusto, eficiente, com o acesso aos cuidados primários em todo o território, com mais profissionais a quem mais uma vez agradecemos a entrega, o esforço e a eficiência”.
Ou ainda “colorir os dias” com” mais e melhor mobilidade”, com mais comboios, “mais e melhores transportes públicos, a preços acessíveis, sem barreiras arquitetónicas e “com o respeito pelos direitos dos trabalhadores”, contra os despedimentos.
Ou ainda, enumerou Mariana Silva, colorindo os dias “garantindo o direito à justiça, dotando-a de mais meios humanos e técnicos, tornando-a acessível a todos combatendo a corrupção, e respondendo a todos os que justamente clamam pela criminalização do enriquecimento ilícito ou injustificado”.
“Cumprir as cores de Abril significa proteger a biodiversidade, trabalhar na mitigação das alterações climáticas, defender os territórios dos apetites económicos, que apenas pretendem explorar os recursos naturais, sem respeito pelas populações que há séculos os conservam, são seus guardiões e que da natureza apenas retiram o que ela lhes dá, com o suor dos dias”, disse.
Antes de terminar o discurso, Mariana Silva fez ainda a defesa da Constituição, saída do parlamento escolhido pela primeira vez em eleições livres em 1975, pela importância que dá aos “valores da proteção e justiça social”, incluindo os direitos ambientais.
E depois de dizer “fascismo nunca mais”, a deputada dos Verdes finalizou citando, uma vez mais, Jorge de Sena que, no seu poema, dava “voz a todas as vozes que reclamavam a urgência de se superar esse sistema caduco que nos oprimia e envergonhava enquanto povo”.