Putin alega que empresa do grupo de mercenários Wagner "não existe"
14-07-2023 - 11:45
 • Lusa

No final de encontro entre Putin e o grupo Wagner, Presidente russo disse que muitos dos mercenários queriam aceitar proposta, mas Prigozhin respondeu que não.

O Presidente russo revelou nesta sexta-feira, pela primeira vez, pormenores do encontro com Yevgeny Prigozhin e outros comandantes do Grupo Wagner, cinco dias após a fracassada rebelião do grupo mercenário, e defendeu que "essa empresa militar privada não existe".

Numa entrevista publicada no diário russo Kommersant, Vladimir Putin disse ter oferecido aos combatentes do Grupo Wagner a possibilidade de se reunirem "num só lugar" e de "continuarem a servir" a Rússia.

"Todos eles podiam reunir-se num só lugar e continuar a servir (a Rússia). Nada mudaria para eles. Seriam liderados pela mesma pessoa que foi o seu verdadeiro comandante durante todo este tempo", disse Putin sobre o conteúdo da proposta feita aos mercenários numa reunião com 35 comandantes do 'Wagner, realizada no Kremlin a 29 de junho.

Segundo o jornal, a pessoa a que o líder russo se referia era um comandante do Grupo Wagner conhecido como Sedoi (Cabelo Cinzento).


Putin afirmou que, depois de ouvirem a proposta, muitos dos presentes na reunião começaram a acenar favoravelmente, mas Prigozhin, sustentou o Presidente russo, "não viu isso dessa forma" e respondeu que "os rapazes não estavam de acordo".

Questionado pelo Kommersat sobre se o Grupo Wagner será mantido como unidade de combate após o motim falhado, Putin respondeu: "essa empresa militar privada não existe".

"Não temos uma lei sobre as organizações militares privadas e é por isso que o 'Wagner' não existe", disse Putin, acrescentando que se trata de uma questão jurídica relacionada com a "legalização efetiva" destas empresas paramilitares.

"Esta questão tem de ser discutida na Duma (câmara baixa do Parlamento russo) e no Governo. Não é uma questão fácil", admitiu.

Segundo o Kremlin, na reunião com os responsáveis do 'Wagner', Putin ouviu "as explicações dos comandantes" sobre o motim de cinco dias antes e ofereceu-lhes opções de emprego após a rebelião.


"Os próprios comandantes deram a sua versão do que aconteceu e sublinharam que eram apoiantes e soldados convictos do chefe de Estado e do comandante-chefe", disse o porta-voz da presidência russa, Dmitry Peskov.

Os líderes do Grupo Wagner, acrescentou Peskov, "também disseram que estavam prontos para continuar a lutar pela Pátria (russa)".