O candidato presidencial Marcelo Rebelo de Sousa é "perigoso", não só por ser o "candidato da direita", mas também por não ter um "comportamento digno" de um Presidente da República, acusa a porta-voz do Bloco de Esquerda (BE).
Em Guimarães, para o jantar de Ano Novo do Bloco local, Catarina Martins questionou se Portugal pode ter como Presidente alguém que "se desdiz a cada momento", salientando que o mais lato cargo da nação tem de ser ocupado por quem "se possa levar a sério".
Em jeito de balanço de 2015, a porta-voz bloquista lembrou ainda o papel desempenhado pelo BE para "parar a direita" e possibilitar um novo Governo.
"Marcelo Rebelo de Sousa é perigoso, não só por ser o candidato da direita, PSD e CDS, mas também porque é um homem que não tem um comportamento digno de Presidente da República", afirmou Catarina Martins.
A porta-voz do BE considerou que há perguntas que se devem colocar "da direita à esquerda" no que toca à escolha do sucessor de Cavaco Silva.
"Consideram que Portugal pode ter como Presidente da República alguém que diz uma coisa e o seu contrário no mesmo momento? Podemos nós ter como Presidente da República alguém que se desdiz a cada momento, que diz que o disse o que disse, que acredita numa coisa e a seguir na noutra? Não merece Portugal um Presidente da República que possa levar a sério e que se leve a serio", questionou, finalizando com um alerta: "Esta é também a decisão destas eleições", referiu.
Segundo Catarina Martins, o candidato presidencial Marcelo Rebelo de Sousa tem mesmo problemas em se reconhecer.
"Vimos todos ontem (segunda-feira), no debate com Marisa Matias, como Marcelo Rebelo de Sousa é capaz de dizer qualquer coisa. E no dia seguinte dizer outra. Eu diria mesmo que o Marcelo candidato nem sequer conhece o Marcelo comentador, não faz ideia do que ele disse, nem tem nada a ver com isso", apontou.
Ainda sobre o comentador politico, Catarina Martins salientou que o "novo país" não pode aceitar Marcelo Rebelo de Sousa porque este "será sempre o velho país dos interesses, da subalternização do país, do povo aos interesses económicos".
Por isso, para a porta-voz do BE há apenas uma candidata a considerar.
"A próxima Presidente da República terá em cima da sua mesa decisões muito complicadas, sobre quanto vale a nossa constituição face a acordos comerciais internacionais que a querem derrotar, sobre conteúdos concreto dos direitos fundamentais sociais em que se baseia a nossa democracia. Não podemos entregar estas questões a quem não sabe ou a quem não é capaz de dizer que opinião tem sobre nenhuma delas na campanha eleitoral", contextualizou.
"Nenhum ou nenhuma candidata foi claro nestes pontos como a Marisa [Matias] até agora. Só a Marisa teve as palavras claras", concluiu.
Catarina Martins salientou ainda o papel do BE na "derrota" da direita e do PSD e CDS de Pedro Passos Coelho e Paulo Portas.
"Não há ninguém que não saiba em Portugal que se não fosse o BE não existiria um acordo para parar a direita" afirmou, deixando alguns avisos.
"Nunca votaremos contra a nossa consciência, como não o fizemos no caso do Banif, mas também nunca nos fecharemos ao diálogo", disse.