O ex-deputado de Hong Kong e figura do movimento pró-democracia Ted Hui foi condenado esta quinta-feira à revelia a três anos e meio de prisão por um tribunal local por ter enganado as autoridades para sair do país e conseguir exilar-se no estrangeiro.
O opositor também enfrenta várias acusações devido a sua participação nas manifestações pró-democracia de 2019, bem como por organizar protestos que interromperam as sessões do Conselho Legislativo de Hong Kong.
O juiz Andrew Chan declarou que Hui enganou a polícia e o tribunal para obter o levantamento das restrições de viagem antes do seu julgamento, apresentando documentos falsos relacionados a uma visita oficial à Dinamarca.
Hui "fez pouco do sistema de justiça", disse o juiz, acrescentando que a farsa foi "cuidadosamente orquestrada".
Reagindo nas redes sociais à sentença, Hui criticou o juiz por "cumplicidade com a tirania" e afirmou que essa sentença destacaria "a loucura e o absurdo" das autoridades de Hong Kong.
“Os tribunais de Hong Kong tornaram-se tribunais do Partido Comunista (chinês) e julgamentos políticos e sentenças que visam a dissidência tornaram-se um espetáculo banal”, escreve Hui.
Em dezembro de 2020, Ted Hui anunciou no final da sua viagem à Dinamarca que se estava a exilar devido à repressão de Pequim aos dissidentes em Hong Kong.
Desde então, o ativista mudou-se para a Austrália e continua a ser um crítico das autoridades em Hong Kong e Pequim.
O ex-deputado é um dos seis ativistas no exílio procurados pelas autoridades do território por ter incentivado a população a votar em branco nas eleições legislativas, após a imposição por Pequim de um novo sistema eleitoral.
A maioria das figuras do movimento pró-democracia está agora na prisão, desistiu da política ou fugiu para o estrangeiro depois de Pequim ter imposto uma nova lei de segurança nacional no território em 2020.