No habitual espaço de comentário na Renascença, Henrique Raposo critica o papel de Luís Marques Mendes enquanto comentador ao relevar no domingo na SIC alguns dos produtos que devem integrar a aplicação do IVA ZERO, numa medida anunciada pelo Governo para combater o aumento do custo de vida.
Marques Mendes enumerou alimentos como batatas, massa, arroz, cenouras, cebolas, brócolos, curgetes, alho francês, leite, queijo, iogurtes, pão, ovos, azeite, tomate, fruta, frango, feijão, salmão e pescada, avançando que o acordo com o setor da distribuição está feito, enquanto o acordo com a área da produção “está na parte final”.
O anúncio oficial do cabaz será feito “nos próximos dias”, garantiu o antigo líder do PSD.
“Não é esse o papel de um comentador numa democracia. O que ele devia fazer era, ‘eu acho que devíamos fazer isto e aquilo e o Governo está errado por isto…’ O papel de um comentador ao domingo à noite, que é um espaço nobre, não é ser telefonista do poder”, argumenta.
Para o comentador d’As Três da Manhã, “isto cria o caldo onde é difícil alguém estar a fazer o que estou a fazer que é atacar sem medo, ir à jugular do poder, neste caso são vários poderes: o Governo, partido, Presidente da República e poder”.
Já quanto ao mecanismo IVA ZERO, o comentador entende que “chega tarde”, lembrando que “todos os partidos da oposição, quer da esquerda, quer da direita, já defendiam há bastante tempo uma baixa de impostos porque o maior beneficiário do aumento da inflação é o Estado que amealha mais impostos e mais dinheiro”.
“É como a conversa da gasolina, os vilões, neste caso, são os supermercados e, no caso da gasolina, são as gasolineiras, mas esquecemos que 60% do que nós pagamos do preço da gasolina, em Portugal, é imposto”, destaca.
No entender do comentador, os consumidores precisam, agora de “estar muito atentos, vigiar, criticar” para que não aconteça o que se verificou em Espanha onde o Governo eliminou ou baixou o IVA em alguns produtos e isso não se refletiu no preço do cabaz alimentar.
Questionado sobre a possibilidade um clima de crispação em Portugal, como se verifica já em França e na Alemanha onde hoje se vive a maior greve de décadas, Henrique Raposo diz que “a pandemia e a guerra na Ucrânia deram um murro na mesa e as coisas estão todas no ar e é muito difícil fazer esse tipo de prognóstico”.