É mais uma indemnização paga pela TAP que os deputados querem tirar a limpo. O PSD entregou um requerimento na comissão parlamentar de inquérito à tutela política da gestão da TAP a pedir mais informações e documentos sobre a saída da CEO da TAP M&E Brasil, Gláucia Loureiro.
No documento enviado à Renascença, o PSD lembra que questionou o presidente do conselho de administração da TAP, Manuel Beja, na comissão de inquérito, mas sem qualquer esclarecimento.
A TAP decidiu encerrar a operação no Brasil em maio do ano passado e, no final de agosto, o conselho de administração da TAP SGPS abordou o tema do “despedimento” de Gláucia Loureiro e a sua substituição pela advogada da empresa Bruna Chimenti.
Segundo o requerimento do PSD que cita as atas das reuniões, em agosto a empresa delibera a negociação das condições do “despedimento” e Gonçalo Pires, o administrador financeiro, sugeriu a negociação e a substituição da CEO pela advogada Bruna Chimenti.
Em novembro, numa outra reunião, é revelado que a CEO pede um valor de 3,6 milhões de euros, mas que a TAP não deverá ultrapassar os 900 mil euros de indemnização a Gláucia Loureiro.
“O presidente Manuel Beja recomendou que, no âmbito das negociações em curso com Gláucia Loureiro, não seja previsto, em nenhuma circunstância, qualquer pagamento relativo a bónus passados”, pode ler-se na ata da reunião do conselho de administração da TAP.
Depois deste dado, o PSD refere que a comissão de inquérito não tem mais nenhum elemento sobre este caso, e quer saber se foi pago algum valor e se sim, quanto.
O PSD quer saber ainda quem tinha poderes para autorizar uma indemnização deste género e se as tutelas financeira e setorial foram informadas.
O PSD pede, por isso, mais documentos e informações, a juntar às centenas que já chegaram à Assembleia da República.
Os social-democratas querem saber o valor da indemnização, se na ata da reunião de novembro se escreve “presidente cessante”, “explicar o porquê de se estar a negociar uma indemnização posteriormente ao seu “despedimento”, nomeadamente se isso não fragilizava a posição negocial da TAP, SGPS, S.A”, refere o requerimento enviado à Renascença.
O PSD quer ainda saber se as tutelas financeira e setorial foram informadas e, em caso afirmativo, em que data, cópias das comunicações e a troca de emails entre o departamento jurídico e outras entidades externas sobre este tema.
Os deputados do PSD querem ainda ter acesso à cópia de todos os contratos ou acordos celebrados com a CEO dispensada na operação do Brasil.
Este foi um caso revelado na comissão de inquérito pelo deputado Hugo Carneiro, do PSD, que questionou o presidente do conselho de administração da TAP. Mas ao longo das cinco audições da comissão outros casos de indemnizações foram revelados.
A deputada do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, questionou a CEO da TAP sobre a contratação de Fernando Pinto por dois anos, uma consultoria pela qual recebeu 1,6 milhões de euros, ou seja, 67 mil euros por mês.
E outro caso. Um antigo gestor do tempo em que a TAP era privada recebeu 1,35 milhões de pré-reforma. Max Urbahn, que foi administrador executivo entre 2016 e 2017, recebeu também outras regalias avultadas. Maximilian Otto Urbahn fez parte do conselho de administração da companhia aérea durante o período em que 61% do capital da TAP era detido pela Atlantic Gateway, de Humberto Pedrosa e David Neeleman.