As audições sobre a reposição das 35 horas de trabalho na função pública começaram esta quinta-feira no Parlamento. Serão ouvidas duas dezenas de entidades num grupo de trabalho criado para o efeito e dirigido pela deputada socialista Wanda Guimarães. Mas continua a incógnita sobre quando é que a medida entrará em vigor.
Dentro da coligação à esquerda há o entendimento de que o PS está a tentar empatar o mais possível o processo de reposição das 35 horas de trabalho. O facto de ter sido constituído um grupo de trabalho no âmbito da respectiva comissão parlamentar e também o facto de os socialistas terem apresentado uma longa lista de audições são sinais evidentes de que está a ser feita uma tentativa de fazer atrasar o processo, como disseram à Renascença deputados do PCP e do Bloco de Esquerda. Sobretudo os comunistas garantem que, se for mesmo essa a intenção do PS, essa vontade será travada.
O grupo de trabalho é coordenado pela deputada e secretária nacional do PS Wanda Guimarães que, em declarações à Renascença, não é taxativa sobre a data de entrada em vigor a 1 de Julho. Apenas admite que é uma data possível. Recorde-se que o primeiro-ministro já disse que a medida entraria em vigor a 1 de Julho, mas esta semana mudou a formulação e afirmou que espera que possa entrar.
“A questão do 1 de Julho é um marco com alguma probabilidade. É um prazo possível, diria”, afirma Wanda Guimarães.
A dirigente socialista afasta a ideia de que as audições na especialidade que começaram esta quinta-feira sejam uma forma de acelerar ou adiar o processo. Acontecem porque, no mínimo, são exigíveis neste caso. E acrescenta que em quatro semanas, o mais tardar, estarão terminadas.
Wanda Guimarães afasta ainda a ideia de que as audições sirvam para dar tempo ao PS e ao governo para fazerem contas sobre os custos da reposição das 35 horas de trabalho.
“A questão das audições não tem nada a ver com o aspecto financeiro. Aliás o que diz o programa do PS é que ‘globalmente não implique um aumento de custos’. E quando diz ‘globalmente’ não quer dizer que, num determinado serviço, não seja preciso fazer uma admissão, o que se diz é que globalmente a reposição das 35 horas não pode acarretar custos no Orçamento”, justifica a deputada socialista e dirigente nacional do partido, convicta que este processo de reposição das 35 horas de trabalho será sereno e sem grandes convulsões.