A empresária Isabel dos Santos foi constituída arguida na sequência das revelações do Luanda Leaks, anunciou esta quarta-feira a Procuradoria-Geral da República de Angola.
Isabel dos Santos, filha do antigo Presidente José Eduardo dos Santos, é suspeita de alegada má gestão e desvio de fundos enquanto esteve na liderança da petrolífera estatal Sonangol.
O anúncio foi feito pelo procurador-geral, Heldér Pitta Grós, em conferência de imprensa em Luanda.
O procurador de Angola admite, também, emitir um mandado de captura internacional contra Isabel dos Santos e os seus colaboradores.
A notícia é conhecida um dia antes do encontro, em Lisboa, entre os procuradores-gerais de Portugal e Angola, Lucília Gago e Hélder Pitta Grós, respetivamente.
Hélder Pitta Grós vai viajar esta quarta-feira para Lisboa, devendo encontrar-se com Lucília Gago "ao final da manhã" de quinta-feira, disse à agência Lusa uma fonte ligada à Procuradoria-Geral da República de Angola.
António Costa nega "tratamento especial"
O primeiro-ministro, António Costa, disse, esta quarta-feira, que “não houve tratamento especial, nem de favor nem de desfavor”, a Isabel dos Santos, quando a empresária angolana quis investir no país.
Costa, que falava à margem da inauguração das novas instalações da Hovione, em Loures, garantiu que Portugal "vai colaborar totalmente com as autoridades angolanas".
"Espero que este caso permita à justiça angolana tratar o que tem a tratar e que as empresas portuguesas continuem a desenvolver a sua atividade dentro da maior estabilidade possível para a economia portuguesa”, acrescentou o primeiro-ministro.
O Consórcio Internacional de Jornalismo de Investigação (ICIJ) revelou no domingo mais de 715 mil ficheiros, sob o nome de 'Luanda Leaks', que detalham esquemas financeiros de Isabel dos Santos e do marido, Sindika Dokolo, que terão permitido retirar dinheiro do erário público angolano, utilizando paraísos fiscais.
A empresária Isabel dos Santos disse estar a ser vítima de um ataque político orquestrado para a neutralizar e sustentou que as alegações feitas contra si são "completamente infundadas", prometendo "lutar nos tribunais internacionais" para "repor a verdade".
[notícia atualizada às 19h03]