O dia 15 de maio ficará para sempre como o dia mais triste da história do Sporting, quiçá do futebol português, com as criminosas agressões a jogadores, técnicos e membros da equipa médica no até agora bucólico e tranquilo cenário da Academia de Alcochete, perpetradas por um grupo de cerca de cinco dezenas de energúmenos escondidos por detrás de máscaras que tornaram o seu ato ainda mais cobarde.
Estamos todos por saber quais são as consequências de toda a ordem para uma coletividade centenária que, pelo seu prestígio e pelo seu passado, não merecia passar por momentos tão degradantes.
Não está apenas em causa a final da Taça de Portugal, que vai realizar-se não se sabe em que condições, mas todo o futuro do clube, tais são os danos patrimoniais causados por atos inaceitáveis que poderão, inclusive, comprometer a sua sobrevivência.
Depois de discursos, entrevistas e outras aparições públicas a despropósito nos últimos tempos, o Sporting-futebol chega agora a um beco de difícil saída, não podendo deixar de ser assacado o maior quinhão de responsabilidade a uma só pessoa, o seu presidente.
Pelo que foi possível ouvir nas últimas horas, esgotaram-se as possibilidades de o atual presidente se manter em funções: o divórcio, que é visível, entre o líder leonino e a estrutura do futebol, levam-nos a essa conclusão.
E se dúvidas persistissem, bastaria ter ouvido as suas inenarráveis declarações ontem à noite à televisão do clube, nas quais foi incapaz de reconhecer, como sempre tem acontecido, as enormes responsabilidades que lhe cabem pelo estado deplorável a que fez chegar uma coletividade que bateu no fundo com estrondo bem audível.
Bruno de Carvalho tem vindo sucessivamente a semear ventos. Nos últimos dias, mas particularmente ontem, colheu tempestades de consequências imprevisíveis, por enquanto.
Quanto ao futebol, e depois do que se viu ontem, fica a pergunta inevitável: que jogadores, que treinadores, desejarão vestir a camisola do Sporting se o ambiente infernal deste tempo não vier a ser desanuviado?