O Papa Francisco vai dedicar este domingo à minoria cristã em Marrocos, um país islâmico com 35 milhões de habitantes. No país do norte de África, os católicos representam apenas 0,07% da população.
A liberdade de culto é permitida, mas a esmagadora maioria dos católicos são imigrantes de países sub-saharianos e alguns são europeus. Oficialmente, não há registo de católicos marroquinos, existem apenas cristãos evangélicos que se queixam da falta de liberdade.
Neste contexto, Francisco tem na agenda dois momentos significativos: o primeiro na Catedral de São Pedro, onde se encontra com cristãos católicos e não só e o segundo num estádio de Rabat, onde celebra missa.
Uma das crentes que vai estar na celebração é Françoise, uma francesa da Normandia, casada com um muçulmano marroquino e mãe de dois filhos.
“Os meus filhos são muçulmanos, pois a lei de Marrocos estabelece que os filhos de pai muçulmano sejam muçulmanos. Mas vivemos desde sempre em nossa casa uma experiência ecuménica: celebramos juntos as festas religiosas, os meus filhos vão comigo à missa nas grandes festas de Natal e Páscoa e o meu marido acompanha-me nalgumas ocasiões. E depois, vamos sempre a casa dos meus sogros em Meknés para as festas muçulmanas”, conta Françoise.
A francesa não se queixa e diz que é respeitada e bem acolhida pela família do marido e no bairro onde mora. “As pessoas são tolerantes e respeitam-nos”, conclui Françoise que vive em Rabat há mais de 30 anos, mas não conhece católicos marroquinos, só ouviu falar de protestantes.
“A população muçulmana não os aceita por se terem convertido e abandonado o islão”, explica.
De língua francesa é também George Marius, um jovem senegalês que estuda gestão de empresas em Rabat, e está radiante por se encontrar com o Santo Padre na missa deste domingo.
“Uma coisa é ler as suas mensagens e ver imagens no Vaticano, outra coisa bem diferente é tê-lo à minha frente e escutar o que ele tem para nos dizer. É uma ocasião excecional que não vou esquecer”, defende Marius.
Durante estes dias, muitos jovens africanos reuniram-se na catedral, para rezar e ultimar os preparativos para esta missa solene, onde haverá um coro de 500 jovens.
Provenientes de vários países ao sul do Sahara, alguns falam português. Jessica e Moisés, são ambos com 25 anos e naturais da Guiné-Bissau, também estudam em Marrocos.
Jessica, que estuda direito, considera a visita do Papa a Rabat uma grande oportunidade “porque nunca esperava conseguir vê-lo”.
Para esta futura jurista, “ser católica em Marrocos é um bocado complicado, mas com esforço, sempre vamos andando”. E acrescenta “aqui nem sempre nos respeitam, mas esperemos que depois da visita do Papa, as coisas melhorem um pouco”.
Moisés, estuda economia e comércio internacional. “Sinto-me feliz com a visita do Papa e espero a sua bênção” e explica que participa na missa “porque somos cristãos e é muito importante servirmos Jesus Cristo e participar nos encontros com o Papa”.
Em Marrocos não se sente discriminado por ser católico e garante que “os marroquinos não são racistas”. Quando acabar os estudos, sonha regressar à Guiné Bissau, “para servir o meu país que tanto amo”.