A Jornada Mundial da Juventude (JMJ) Lisboa 2023 deverá ter um impacto económico estimado entre 411 a 564 milhões de euros, refere um estudo divulgado esta quarta-feira pela organização.
O estudo, realizado pela PwC com o apoio técnico do Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG), e entregue à Fundação JMJ Lisboa 2023, aponta assim para “um impacto global estimado entre 411 e 564 milhões de euros, em termos de valor acrescentado bruto (VAB), e entre 811 e 1100 milhões de euros, em termos de produção”.
Para a análise realizada, foram considerados gastos de alojamento, alimentação, comércio, transportes e outras despesas dos participantes, assim como o investimento associado à organização do encontro.
Ou seja, segundo explica a consultora da PwC Marta Carvalho, em declarações à Renascença, "considera-se não só o impacto direto, mas tudo aquilo que são os gastos dos participantes e os gastos da própria organização, que ativam diversos setores da economia nacional".
"Há um impacto positivo pelas despesas que são efetuadas no território nacional", remata.
O relatório foi realizado tendo por base "as características da economia portuguesa, informação recolhida pela PwC em fontes públicas, histórico de edições anteriores da Jornada e junto da organização da JMJ Lisboa 2023", por forma a "estimar os gastos atribuíveis à organização do maior encontro de jovens de todo o mundo com o Papa”.
Para a avaliação, o estudo visou "os eventos da JMJ, entre os dias 1 e 6 de agosto, bem como os Dias nas Dioceses, que ocorrem na semana antes da Jornada, e as estadias adicionais para além dos dias do encontro expectáveis, no caso de uma parte dos participantes estrangeiros”.
Gastos médios podem variar entre 30 e 163 euros por pessoa
A PWC estima, segundo dados da organização, que cheguem entre 795 e um milhão de visitantes, entre peregrinos inscritos, não inscritos, outros participantes e voluntários - um valor inferior ao anteriormente anunciado. Além disso, os gastos médios esperados podem variar entre 30 e 163 euros por pessoa e a estadia média entre 2 e 6 dias.
Em comunicado enviado às redações, a Fundação JMJ Lisboa 2023 refere que os impactos estimados partem de uma “base conservadora” em relação ao número de participantes, nível da despesa média diária por participante, prolongamento da estadia por parte dos peregrinos estrangeiros e investimento público associado à organização do encontro. Assim, a organização antecipa que “o impacto real deverá ficar acima do valor apresentado”.
"É uma afluência muito grande em termos de participantes e consideramos de forma conservadora apenas aquilo que são os casos de estrangeiros que vêm participar no evento. Ou seja, consideramos que nos participantes nacionais há um desvio de despesa, portanto, não acrescem face àquilo que gastariam. Por isso, essa foi uma forma conservadora", explica a consultora.
Marta Carvalho refere ainda que foi feita também uma estimativa "conservadora no que toca àquilo que é o número de participantes", o que geraria também mais despesa, salienta. Já no que diz respeito a despesas diárias de cada um desses participantes, destaca que tal pode variar dependendo do seu perfil.
Para estimar o gasto médio diário por participante, a PwC usou como referência 65% do gasto médio de um turista em Lisboa, assumindo uma menor disponibilidade para o consumo.
O estudo prevê que cada um dos peregrinos inscritos não-residentes em Portugal - entre cerca de 268 a 328 mil - deverá ter um gasto médio diário de 30 a 36 euros, com uma estadia média de seis dias. Por outro lado, cada um dos peregrinos não-inscritos não residentes em Lisboa - cujo número se prevê entre 340 a 415 mil - terá um gasto diário médio entre 67 a 81 euros com uma estadia média de dois dias.
O relatório analisa ainda outros perfis, como jornalistas - esperando entre 9 a 11 mil - com uma estadia média de 11 dias e um gasto diário médio de 67 a 81 euros.
O documento antevê ainda que peregrinos e voluntários façam estadias adicionais de cerca de três dias e meio, com um gasto médio diário de 133 a 163 euros.
Em termos de retorno, a consultora salientou que não realizaram uma análise comparativa com outras edições dos eventos, até porque a escala nunca é exatamente igual. Contudo, recorreram a alguns indicadores de outros eventos para estimar o produto que resultará da jornada e justifica que até ao momento "apenas temos a visibilidade dos inscritos".
A consultora salienta ainda que "não fala em retorno, mas sim em impacto económico".
"Este tipo de eventos, e nos vários estudos que temos vindo a realizar ao longo do tempo, trazem uma dinâmica positiva de acréscimo de atividade económica no país, ou seja, estímulo não só daquilo que são as despesas dos participantes em termos privados na economia nacional, como também nos próprios fornecimentos, enquanto empresas que fornecem a organização do evento", detalha.
Contudo, ficaram excluídos do estudo "efeitos tangíveis que deverão decorrer da aceleração dos projetos de regeneração urbana no Parque Tejo e na frente ribeirinha de Concelho de Loures, bem como de outras pequenas intervenções em recintos do encontro, que deverão gerar benefícios a vários níveis"
De fora, ficaram ainda os "efeitos intangíveis negativos de curto prazo comuns a qualquer evento de grande dimensão, como a sobrelotação dos serviços públicos e dos estabelecimentos e o congestionamento do tráfego em algumas zonas da cidade, nem outros que deverão produzir efeitos económicos positivos a prazo, como a promoção internacional de Portugal como destino turístico e a valorização da imagem do país".