Quando há um ano Marco Luis, pároco de Almada, lançou o livro “Os Amigos de um Padre” sentiu que lhe faltava alguma coisa. “Gostava que tivesse tido uma ilustração de cada santo, mas nessa altura não foi oportuno nem possível”. Este ano saiu a segunda edição, e decidiu avançar para concretizar a ideia. “Desafiei uma jovem formada em Belas Artes para ilustrar cada um dos Santos. É o primeiro trabalho editorial da Leonor Wemans."
O novo livro surge, assim, na sequência do primeiro, e complementa-o. “É mais pequeno, tem imagens muito bonitas, orações e meditações sobre os santos ou dos próprios santos. Mas julgo que vai ter essa força por ser um livro mais pequeno, mais barato, mais simples, com menos texto, mas com o essencial, que nos faça entrar na comunhão com esses amigos que estão no céu, mas que caminham connosco na terra para nos ajudar também a chegar lá, a imitá-los como exemplos, porque são ao mesmo tempo intercessores que precisamos”, diz o autor à Renascença.
Para o sacerdote, que é também o director do Secretariado Diocesano da Pastoral Familiar de Setúbal, o facto de esta ser uma obra ilustrada não significa que se destine apenas ao público mais jovem. “Quando em Março mostrei o projecto do livro às famílias que acompanho, pais e filhos, mas também a sacerdotes e a missionários, todos encontraram um encanto e apelo nas gravuras, e achei isso muito interessante. Acho que uma das forças deste livro é poder chegar a um público muito diverso”, conta o padre Marco Luis.
O livro vai ser apresentado no Seminário de Almada no próximo domingo, 19 de Novembro, e nem a data nem o local foram escolhidos ao acaso. É o dia em que termina a Semana de Oração pelos Seminários e as receitas do livro destinam-se à formação dos padres nos países onde há perseguição religiosa e onde está a Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS).
"A AIS está a apoiar os cristãos perseguidos em vários países e tem também este fim de ajudar na formação de seminaristas desses países”, afirma Marco Luis. A nível internacional, a campanha de Natal deste ano da AIS vai apoiar o regresso dos cristãos à planície de Nínive, de onde foram expulsos há três anos pelos radicais islâmicos, e têm agora de reconstruir as suas casas, escolas e outras infraestruturas.
No domingo, a par da apresentação do livro, no Seminário de Almada, pode ser vista a exposição “As marcas do Calvário”, que mostra vários artigos religiosos que foram profanados em diversas vilas e aldeias iraquianas ocupadas pelos jihadistas do auto-proclamado Estado Islâmico.
Estes artigos são uma oferta das Igrejas Caldeia e Síro-Católica do Iraque à Fundação AIS para mostrar aos benfeitores portugueses a violência causada pelo ódio e extremismo religioso. “É uma exposição não de imagens, mas dos próprios objectos, e por mais chocante que possa ser, ajuda-nos a confrontar com essa realidade”, diz o padre Marco Luis.
Destaca uma pequena história das muitas de que já teve conhecimento: “há três anos um seminarista foi o último a sair da sua terra, pondo a vida e risco, para salvar o Santíssimo Sacramento, para levar Nosso Senhor com ele. Agora foi o primeiro a regressar, já como sacerdote, e a abençoar aquela terra e aquele povo que agora quer reconstruir as suas casas e as suas vidas. São testemunhos que nos chegam do apoio concreto que a fundação dá, e que são um grande estímulo, não só à nossa oração, mas à partilha”.
“A formação de um seminarista no Iraque custa 25 euros por semana, então com cinco livros destes podemos ajudar um seminarista uma semana”, diz ainda o sacerdote. O livro pode ser adquirido directamente na fundação AIS, em Lisboa, Fátima ou Évora, mas também há entregas ao domicílio se forem encomendados por email ou telefone através do site da AIS.