Baleia Azul. Adolescente internada no Porto é o quarto caso suspeito em Portugal
03-05-2017 - 12:32

Menor foi internada, com cortes no corpo, não correndo risco de vida. Responsável da PJ pelo combate ao cibercrime admite dificuldades em responder ao fenómeno.

Uma menor de 15 anos, residente em Matosinhos, será a mais recente vítima portuguesa do "jogo" designado por Baleia Azul. A informação foi avançada esta quarta-feira pelo “Jornal de Notícias” (JN) e confirmada à Renascença pelo director da Unidade de Combate ao Cibercrime da Polícia Judiciária (PJ), Carlos Cabreiro.

De acordo com o JN, a jovem foi internada na noite de terça-feira, com cortes alegadamente provocados por um desafio que lhe foi colocado no âmbito do Baleia Azul.

Terá sido uma vizinha da adolescente a avisar a mãe para os perigos do "jogo", detalha o jornal. A progenitora levou a filha a um hospital do Porto, onde se verificou que a menor tinha cortes numa mão, no braço e no peito. Apesar de não correr risco de vida, a adolescente ficou internada.

À Renascença, Carlos Cabreiro afirmou que este será o quarto caso “com ligações directas ou indirectas” ao Baleia Azul em Portugal.

"A Polícia Judiciária tem conhecimento dessa situação e é, de facto, eventualmente, mais um caso que pode estar associado, directa ou indirectamente, a esse fenómeno”, disse à Renascença o responsável da PJ.

O caso está a ser investigado pela Polícia Judiciária, que admite a dificuldade de combater este fenómeno, dada a natureza do jogo.

"Não podemos falar de uma pessoa [suspeita da prática de crimes], nem sequer de um perfil [nas redes sociais], porque estamos a falar exclusivamente de uma ideia. É como se houvesse um documento em que é elencado um conjunto de tarefas, que são direccionadas para determinadas pessoas que queiram entrar no suposto jogo”, explica.

O Ministério Público informou na terça-feira que já abriu três inquéritos relacionadas com a prática do Baleia Azul. As investigações correm nas comarcas de Setúbal, Portalegre e Faro.

Questionada pela Renascença, a Procuradoria-Geral da República esclarece que o Ministério Público encontra-se “atento à situação e, no âmbito dos inquéritos, não deixará de ponderar todas as medidas processuais adequadas previstas na lei do cibercrime, incluindo a de bloqueio de links [hiperligações]”.

Carlos Cabreiro admite que seria “desejável” bloquear este tipo de conteúdo “online”, mas admite a dificuldade técnica em fazê-lo porque as tarefas do "jogo" são partilhadas “nos perfis mais inócuos e normais que existem” nas redes sociais.

Um "jogo" perigoso

O Baleia Azul, que nasceu na Rússia e no Brasil e já chegou a Portugal, incita, através da internet, jovens à automutilação e ao suicídio. O "jogo" consiste na atribuição de 50 tarefas, entre as quais "corte o braço com uma lâmina" ou "fure a mão com uma agulha". A última tarefa é o suicídio.

A PSP aconselha os pais a “manterem-se informados relativamente ao jogo e a alertar crianças e jovens para as suas implicações”, bem como a aumentarem a supervisão das actividades dos filhos na internet.

“Importa ainda que os pais alertem as crianças sobre os riscos de adicionar desconhecidos e recomendem que apenas a família, amigos e pessoas da escola façam parte da lista de amizades nas redes sociais”, diz a PSP, que aconselha os pais a dirigirem-se à esquadra mais próxima sempre que suspeitem que “as crianças ou jovens estejam a ser alvo de violência psicológica ou intimidação”.


Se precisa de ajuda ou tem dúvidas sobre este tipo de problemas, contacte um médico especialista ou um dos vários serviços e linhas de apoio (gratuitas), como a Saúde 24 (808 24 24 24), o SOS Criança (116 111), a Linha Jovem (800 208 020) ou o S.O.S. Adolescente (800 202 484).