Foi a 8 de outubro de 2020 que o padre Stan Swamy, de 83 anos, foi detido na residência da Companhia de Jesus na periferia de Ranchi, localidade do Estado de Jharkhand, que fica na zona oriental da Índia. Defensor dos direitos humanos, o sacerdote foi preso sob custódia da Agência Nacional de Investigação (NIA), a autoridade antiterrorista da Índia, por alegadas ligações maoístas, mas diz-se inocente das acusações.
Os Jesuítas reagiram de imediato: houve uma Carta Aberta do presidente da Conferência Jesuíta da Ásia do Sul, a exigir a libertação do sacerdote, e também o responsável pelo Secretariado de Justiça Social e Ecologia da Companhia de Jesus a nível mundial, expressou, a partir de Roma, a sua solidariedade para com o jesuíta que ao longo de 50 anos trabalhou em defesa dos grupos mais marginalizados na índia, nomeadamente contra as expropriações injustas que têm atingido a comunidade Adivasis, o povo indígena do Estado de Jharkhand. É deste organismo que chega uma nova reação, depois de a 22 de março de 2021, após 164 dias de encarceramento, o tribunal especial da NIA ter rejeitado libertar o sacerdote sob fiança.
“O mais preocupante é que se negue a liberdade a um defensor dos direitos humanos com 83 anos, com diversos problemas de saúde, entre os quais Parkinson em estado severo. Como companheiros jesuítas, afirmamos que Stan se dedicou à defesa dos adivasis (povo indígena) e outras comunidades desfavorecidas cujos direitos fundamentais têm sido negados e sistematicamente espezinhados”, lê-se no comunicado, divulgado pelo Portal dos Jesuítas em Portugal.
Os Jesuítas manifestam-se “indignados” com as acusações e a falta de transparência na investigação, e comprometem-se “a prosseguir o esforço, tanto a nível nacional como internacional, de trazer à luz a verdade e a justiça e a advogar pelos direitos das pessoas vulneráveis de forma pacífica e não violenta”.
“O que está a acontecer neste país, em particular nos últimos anos, não são incidentes isolados. É indicativo de um desconforto e erosão da democracia na Índia, conforme sublinhado no relatório internacional sobre a democracia” (Democracy under Siege, Freedom in the World 2021), acrescenta o comunicado, garantindo que “este apelo não é apenas sobre Stan Swamy”, mas sobre todos os outros “defensores dos direitos humanos, estudantes, mulheres, agricultores, intelectuais, movimentos civis e qualquer um que tenha ousado opor-se ou criticar as políticas do governo, ao longo dos últimos anos”, e que são considerados “terroristas, criminosos e antipatrióticos” e acabam detidos.
O comunicado recorda, ainda, a mensagem vídeo que o padre Stan gravou, apenas dois dias antes de ser preso, na qual afirmou: “o que me está a acontecer não é algo único, que esteja a suceder apenas a mim. É um processo mais vasto que está a acontecer por todo o país… Sinto-me feliz por fazer parte deste processo, porque não sou um espectador silencioso, e estou disposto a pagar o preço por isso, qualquer que ele seja”.