​Médicos dizem que incentivos para a recuperação de consultas e cirurgias adiadas são insuficientes
14-07-2020 - 13:47
 • Eunice Lourenço , com redação

Equipas passam a receber mais pela produção adicional interna. As primeiras consultas serão pagas até 95% e as cirurgias até 75%. Trata-se de um incentivo melhor do que regime atualmente em vigor, reconhece o Sindicato Independente dos Médicos (SIM), mas que não resolve o problema.

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Foi publicada esta terça-feira em Diário da República a portaria com os incentivos para a recuperação de consultas e cirurgias adiadas devido à pandemia de covid-19.

Para isso, as equipas passam a receber mais pela produção adicional interna. As primeiras consultas serão pagas até 95% e as cirurgias até 75%.

Trata-se de um incentivo melhor do que regime atualmente em vigor, reconhece Roque da Cunha, do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), mas que não resolve o problema.

“Os incentivos têm de resultar de investimento no Serviço Nacional de Saúde, de forma a que os médicos continuem e não se reformem. Nesta altura, estamos a falar de mais de 300 médicos que se reformaram. Por muito mais simpáticos que sejam os incentivos – e são melhores do que os anteriores – não é possível fazer com que os médicos trabalhem mais do que as horas necessárias.”

Roque da Cunha considera que a portaria publicada esta terça-feira é uma forma encontrada pelo Governo para fingir que está a fazer alguma coisa e insiste na necessidade de um plano, que envolva diálogo com os médicos e com os privados.

O presidente do Sindicato Independente dos Médicos considera fundamental “pedir apoio” às instituições de solidariedade social e aos privados para recuperar o tempo perdido, num contexto de pandemia em que “os procedimentos cirúrgicos vão demorar mais tempo porque precisam de mais proteção”.

“Apelamos a que a ministra da Saúde fale com os médicos e não faça com que medidas avulsas possam parecer mais propaganda do que tentativas para solucionar problemas”, sublinha o dirigente sindical.

Em declarações à Renascença, Roque da Cunha lembra que, ainda antes da pandemia, as listas de espera já eram enormes e que os médicos têm tempos máximos de trabalho que devem cumprir.

“Estamos muito céticos em relação à eficácia desta medida. Os médicos têm tempos máximos de trabalho que devem cumprir, independentemente de ser no seu horário normal de trabalho ou a recuperar listas de espera. Não podemos estar à espera que, de repente, apareçam milhares de horas possíveis para a recuperação das listas de espera”, adverte o presidente do SIM.

De acordo com números divulgados pela Associação de Administradores Hospitalares, há milhares de cirurgias em atraso e mais de um milhão de consultas.