O ministro do Ambiente, Matos Fernandes, garantiu, esta sexta-feira, em Montalegre, que o problema da poluição no rio Tejo, está a ser “atacado desde já”, considerando tratar-se de um "problema agudo" de poluição.
“Neste momento, confrontámo-nos com duas coisas: um problema agudo de poluição, que tem por detrás um acumular de condições de consolidação de matéria orgânica, que em anos de muito pouca chuva não tiveram forma de se poder diluir. E vamos atacá-lo desde já”, afirmou Matos Fernandes.
Segundo o governante, o que está em causa “é um problema de qualidade de água do Tejo, que nos últimos tempos parece ter saturado”.
Matos Fernandes assegurou que já foram efectuadas colheitas das próprias espumas, junto às Estações de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) e das indústrias: “Estamos a fazer essas mesmas recolhas, com a certeza de que o problema que temos à nossa frente é um problema com uma dimensão que não resulta, certamente, da descarga A ou da descarga B, o que não quer dizer que elas não possam ter existido.”
O ministro explica ainda que os resultados das análises pedidas demoram cerca de uma semana e só com os resultados se poderá “perceber quais são os agentes de poluição e chegar aos potenciais agentes poluidores”.
Para o ministro do Ambiente, “parece que a natureza não está a conseguir depurar a quantidade de matéria orgânica que está a aparecer e se transforma em espuma, quando passa em Abrantes”, e revela que já na quinta-feira “foram instalados sensores nas estações de tratamento de águas, que serão recolhidos hoje [sexta-feira], e enviados para análise no Instituto Superior Técnico.
João Matos Fernandes, que esta tarde vai reunir-se de urgência em Abrantes com responsáveis da EDP, da Águas do Vale do Tejo, da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) e consultores da Universidade Nova, referiu ainda que é preciso ter “uma solução para o problema concreto”, realçando que se está a “construir um projecto para a melhoria da qualidade da água do rio Tejo”.
Em comunicado, o Ministério do Ambiente diz que vão ser discutidas "medidas a curto prazo para combater a poluição" no Tejo.
As queixas de poluição no Tejo são antigas. Em 2016, a Renascença publicou a reportagem "Que espuma é esta que turva o Tejo?" na qual ambientalistas criticaram empresas como a Celtejo, instalada em Vila Velha de Ródão.
A Celtejo, fábrica de pasta de papel da Altri, disse esta semana que é "totalmente alheia" aos recentes fenómenos de poluição no rio Tejo e adianta que "cumpre escrupulosamente" a regulamentação ambiental nacional.