Há quem gaste 50 euros num só dia, 250 euros ao fim do mês em raspadinhas. Não é difícil encontrar quem assuma a dependência, basta ir a qualquer quiosque ou café que venda este jogo.
Filipe conta à Renascença que o vício é constante: "Estão na nossa cabeça os 20 mil, os 30 mil [euros]. Quando vejo uma raspadinha que diz '50 mil', eu sou o primeiro a ir lá busca-la. Não sei se naquela raspadinha está a sorte ou não. Cheguei a gastar 250 'paus' em raspadinhas e não saiu o prémio que eu queria".
Perante esta reportagem, a Renascença procurou saber - junto da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa - que tipo de apoio disponibiliza aos casos em que manifestamente deteta comportamentos aditivos, seja na raspadinha ou em qualquer outro jogo.
Em resposta, a entidade enviou um comunicado em que reitera a sua obrigação de "adotar todas as políticas de acompanhamento e de monitorização no que diz respeito ao comportamento dos apostadores dos jogos sociais do Estado".
A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa refere que a Linha de Apoio Jogo Responsável "assegura uma resposta de aconselhamento psicológico aos apostadores, seus familiares e amigos, realizando um diagnóstico sobre o grau de envolvimento do apostador com o jogo traduzido em diversas ações".
"O Departamento de Jogos da SCML realiza ainda, com a periodicidade de dois anos, um estudo de tracking de marcas, com mais de 2000 entrevistas presenciais, incidindo sobre todas as marcas do seu portefólio e que tem como principais objetivos monitorizar os respetivos níveis de notoriedade e imagem percecionada dos jogos, os hábitos de jogo dos portugueses por marca e as suas motivações para jogar. Além disso, com a finalidade de assegurar a salvaguarda do património das famílias, os Jogos Santa Casa desenvolveram um indicador que visa relacionar o rendimento disponível das famílias com o montante despendido com a aquisição de jogos sociais", conclui.
[Atualizado às 18h55]