O marido de Gisèle Pelicot foi considerado culpado de todas as acusações de violação, assim como os restantes 50 homens acusados no caso.
A sentença foi lida esta quinta-feira em tribunal, no caso de violação em massa em que Dominique Pelicot drogou a mulher e deixou que fosse abusada por mais 50 homens.
Dominique Pelicot foi também considerado culpado de captar imagens indecentes da sua filha e das suas noras.
O Ministério Público francês pediu a pena máxima de 20 anos e assim foi condenado Dominique Pelicot. No entanto, a maioria dos restantes acusados receberam penas abaixo do esperado.
Milhares de pessoas aguardaram nas ruas pela decisão, manifestando apoio a Gisèle Pelicot.
Apesar dos crimes de que foi vítima, a francesa de 72 anos decidiu abdicar do direito ao anonimato e tornar pública a sua história, para "passar a vergonha do lado da vítima para o dos agressores".
"Penso nas vítimas não reconhecidas"
No final do julgamento, Gisèle Pelicot disse à comunicação social que travou esta luta pelos seus netos e pelas outras vítimas de abusos.
"É com profunda emoção que hoje vos falo. Este julgamento foi uma provação muito difícil e, neste momento, penso em primeiro lugar nos meus três filhos, David, Caroline e Flore. Penso também nos meus netos, porque são o futuro e foi também por eles que travei esta luta. O meu mais profundo agradecimento a todas as pessoas que me apoiaram", declarou.
"Penso também em todas as outras famílias afetadas por esta tragédia. Por fim, penso nas vítimas não reconhecidas, cujas histórias permanecem muitas vezes na sombra. Quero que saibam que partilhamos a mesma luta", sublinhou.
Gisèle Pelicot agradeceu à associação de apoio às vítimas pelo "apoio infalível foi inestimável" e também "aos jornalistas que seguiram este julgamento desde o início para que a sociedade pudesse compreender o que aqui se travou".
"Nunca me arrependi desta decisão. Tenho agora confiança na nossa capacidade de conquistar, coletivamente, um futuro em que todos – homens e mulheres – possam viver em harmonia, com respeito e compreensão mútua", declarou.