A gestão pelo Governo da pandemia da Covid-19 e as restrições foram alvo de críticas de alguns partidos sem assento parlamentar concorrentes nas legislativas, assunto que foi apelidado por um dos candidatos de "elefante na sala".
No último debate televisivo que opôs na terça-feira à noite candidatos às eleições legislativas, que se disputam no próximo dia 30 de janeiro, onze forças políticas sem assento parlamentar discutiram temas variados entre eles a gestão da pandemia, com Bruno Fialho, da Alternativa Democrática Nacional (ADN), a apontar que "durante dois anos apenas se falou" deste tema no país e que chegadas as eleições "ninguém fala do elefante na sala".
Para Maria Cidália Guerreiro, do PCTP/MRPP, a pandemia da Covid-19 foi "utilizada para introduzir medida repressivas, intimidatórias, e ao mesmo tempo de confinamento do país inteiro", considerando que a pandemia "foi mal gerida, não houve rigor, organização, planeamento, não houve o mínimo de disciplina".
Já Vitorino Silva, presidente do partido Reagir Incluir Reciclar (RIR), questionou se houve restrições a mais ou não, respondeu apenas que "as pessoas decidiram em função do tempo", acreditando que "não quiseram prejudicar Portugal e decidiram naquele tempo, só que o tempo vai mudando".
Por seu turno, o presidente do "Ergue-te", José Pinto Coelho, reconheceu a existência do vírus da Covid-19 mas foi bastante crítico das restrições impostas, que na sua opinião são "loucas e insanas" e "destroem relações pessoais" ou o "crescimento natural das crianças".
Também Bruno Fialho, da Alternativa Democrática Nacional (ADN), criticou os critérios utilizados para se realizar testes à Covid-19 de forma a ter acesso a determinados locais, entre outras restrições ainda impostas e anunciou que se fosse Governo a sua primeira medida seria "declarar o fim da pandemia".
Pedro Soares Pimenta, do Partido da Terra (MPT), criticou a gestão da pandemia, defendeu que "teve que vir um militar meter ordem na casa" -- numa referência ao almirante Gouveia e Melo na coordenação da "task force" da vacinação -- e apelou a uma "gestão séria do SNS" e também ao "respeito" pelos milhares de portugueses que morreram devido à Covid-19 e suas famílias.
Élvio Sousa, do Juntos Pelo Povo (JPP), considerou que "a saúde deve ser a causa de todas as causas" e que "nenhum Governo tinha um manual de sobrevivência, de funcionamento para uma pandemia deste género", aditando que o partido não tem nenhuma "muralha ideológica com a contratualização com o privado desde que seja auditado e fiscalizado".
O presidente do Partido Trabalhista Português (PTP), Amândio Madaleno, considerou que "em determinados casos só os organismos do Estado conseguem garantir a saúde e em boa qualidade mas o problema se deve ser estatal ou privado é uma falsa questão" porque "o que interessa" é saber se estão a ser dados meios aos profissionais de saúde, apontando para uma "falta de investimento".
Pelo "Nós, Cidadãos!", Joaquim Rocha Afonso apontou que no início da gestão da pandemia "toda a gente ficou de cabeça perdida e foi navegação à vista", também elogiou Gouveia e Melo mas considerou que "não houve planeamento, qualquer tipo de estruturação ou o mínimo de organização quer política, quer operacional, quer técnica".
Renata Cambra, porta-voz do Movimento Alternativa Socialista (MAS), defendeu que "é preciso mais investimento na saúde" e que esse dinheiro está "nos roubos que são feitos pelos grandes empresários e pelas administrações de bancos", considerando também que a gestão da pandemia foi "confusa" e andou "atrás do prejuízo".
Tiago Matos Gomes, presidente do Volt Portugal (VP), rejeitou fazer "politiquice" ou "política baixa" com a saúde, considerando que o Governo português deu a resposta "possível" e que todo o mundo foi apanhado de surpresa com a pandemia.
O partido federalista europeu salientou ainda o papel da União Europeia na compra de vacinas "em larga escala".
Também na área da saúde, o presidente do Aliança, Jorge Nuno Sá, defendeu que "evidentemente há um pilar fundamental da garantia da saúde por parte do Estado", mas criticou o "capricho ideológico de manter apenas o público", advogando que "o setor privado e social" na saúde "não têm de ser supletivos, podem ser um complemento".
Mais à frente no debate, o dirigente do Aliança manifestou-se contra mais "aventuras românticas do Estado como a TAP" e entre as medidas prioritárias dos partidos foi defendida a "recuperação da soberania económica e financeira do país" pelo PCTP/MRPP, "aliviar os portugueses da carga de impostos" pelo RIR ou ainda "mais atenção à diáspora" pelo MPT.