Perto de 1.000 migrantes foram intercetados ao largo da costa oeste da Líbia nos últimos dois dias e reenviados para aquele país, que não é considerado um porto seguro, revelou esta segunda-feira a Organização Internacional para as Migrações (OIM).
“Nas últimas 48 horas, quase 1.000 migrantes foram intercetados e devolvidos à Líbia" pela guarda costeira líbia, afirmou a representação da OIM no território líbio através da rede social Twitter.
A OIM, que integra o sistema das Nações Unidas, indicou igualmente que equipas da organização estiveram em todos os pontos de desembarque para prestar a "assistência necessária" aos migrantes intercetados, que posteriormente foram transferidos para os chamados centros de detenção migratórios.
Várias organizações humanitárias (do sistema da ONU ou organizações não-governamentais) que trabalham no terreno fazem denúncias frequentes sobre as condições desumanas destes centros e as violações dos direitos das pessoas que são transferidas e mantidas nestes locais.
“Reafirmamos que a detenção arbitrária deve acabar”, reforçou a OIM.
A Líbia, país localizado a cerca de 300 quilómetros das costas italianas, faz parte da chamada rota migratória do Mediterrâneo Central, encarada como uma das mais mortais, que sai igualmente a partir da Argélia e da Tunísia em direção à Itália e a Malta.
O país tornou-se nos últimos anos uma placa giratória para centenas de milhares de migrantes, sobretudo africanos (África subsariana) e árabes que tentam fugir de conflitos, violência e da pobreza, que procuram alcançar a Europa através do mar Mediterrâneo.
“Cerca de 1.000 homens, mulheres e crianças tentaram fugir da Líbia nas últimas 48 horas” e “acabaram detidos em condições terríveis", lamentou a porta-voz da OIM em Genebra (Suíça), Safa Msehli.
“Aqueles que são intercetados são transferidos para centros de detenção onde as condições estão cada vez piores", segundo a mesma fonte, numa referência às situações de sequestro, tortura e violações relatadas naquele país, que é encarado como um porto não seguro.
Devido à situação do país, imerso num caos político e securitário desde a queda do regime de Muhammar Kadhafi em 2011, a Líbia tem sido um terreno fértil e próspero ao longo dos últimos dez anos para as redes de tráfico ilegal de migrantes.
Em 2020, pelo menos 2.300 migrantes morreram ou desapareceram no mar ao tentar alcançar a Europa, um aumento face ao ano anterior mesmo com todas as restrições da atual pandemia da doença covid-19, divulgou recentemente a OIM.
Entre as rotas do Mediterrâneo, a Central foi a mais letal no ano passado, com 984 mortes.