Foi graças às obras de renovação de uma cozinha, num apartamento em York, no nordeste de Inglaterra, que o foi redescoberto um mural com 400 anos.
Segundo a publicação britânica The Guardian, parte dos frisos, pensa-se que datados de cerca de 1660, foram encontrados pelos trabalhadores quando estavam a renovar a cozinha no apartamento de Luke Budworth, no centro da cidade de York, no ano passado. Desde então, o mural já está totalmente a descoberto.
De acordo com a BBC, Budworth contactou a Historic England para saber mais sobre as pinturas e a equipa ajudou-o a descobrir mais sobre a sua história, inclusivamente que estas tinham sido, inicialmente, descobertas e fotografadas em 1998. Contudo, foram tapadas novamente.
Pensa-se que as pinturas são mais antigas do que os edifícios visíveis e, segundo a publicação, estas baseiam-se em cenas do livro "Emblems" (1635), de Francis Quarles.
O dono do apartamento, Luke Budworth, que é investigador médico da Universidade de Leeds, refere que é "louco" pensar que a pintura estava ali antes de acontecimentos históricos como o Grande Fogo de Londres de 1666.
"Sempre soubemos que havia um pedaço estranho da parede, mas pensámos que o apartamento estava 'deformado', já que têm sido um milhão de coisas diferentes ao longo dos anos", conta Luke.
Quando os trabalhadores perceberam que havia algo mais, o investigador diz que ficou "muito entusiasmado" e que agarrou nas suas ferramentas para retirar as tábuas. "Tirei as minhas ferramentas e comecei a lascar na tábua. Assim que levantei o painel, lá estava ele, belas cores, com algumas camadas de papel de parede ainda remanescentes da era vitoriana".
"No início, pensei que era um velho papel de parede vitoriano, mas logo pude ver que estava realmente desenhado na parede do edifício vizinho - por isso é mais antigo do que este edifício em si", explica.
Budworth conta que se mudou de Warrington para York em parte devido à história da cidade e descreve como "espantoso" ter descoberto a pintura em sua casa, contudo, também refere que é "um fardo", uma vez que não há fundos disponíveis para os preservar.
Porém a Historic England ajudou a cobrir os frisos novamente para ajudar a evitar danos, colocando por uma uma réplica de "alta resolução".
"Esperamos conseguir fazer passar a palavra e ver se algumas sociedades ou estudantes de doutoramento querem fazer alguns projetos experimentais de conservação. Espero também que isto inspire outras pessoas em Micklegate a começar a olhar para as suas próprias paredes com desconfiança", apela.