A Iniciativa Liberal (IL) recusou este domingo ter feito qualquer aproveitamento político do desfile próprio do 25 de Abril, apelando a todos para que se volte a fazer deste dia uma "data nacional que una as pessoas".
Após uma semana de polémica com a comissão promotora do desfile comemorativo do 25 de Abril de 1974 na Avenida da Liberdade, depois de uma recusa inicial para poder integrar esta iniciativa, os liberais promoveram o seu próprio desfile.
"Não é minha, não é tua. É de todos esta rua" e "está na hora, está na hora, a liberdade é agora" foram as palavras de ordem que se faziam ouvir na "mancha azul-clara" de bandeiras do partido liberal que as centenas de participantes envergavam.
Aos jornalistas, o presidente do partido e deputado único, João Cotrim Figueiredo afirmou que preferia não ter tido que fazer este desfile porque o normal seria o que aconteceu em 2018 e 2019, quando os liberais participaram no desfile do 25 de Abril, acusando a comissão promotora de ter tido "uma atitude sectária".
"Apelo a todos para que pensem como é que se pode voltar a fazer o 25 de Abril uma data nacional, que una as pessoas porque ter pessoas que acham que só se pode celebrar o 25 de Abril se for de esquerda ou se tiver determinadas ideias políticas não faz sentido nenhum", desafiou.
Cotrim Figueiredo considerou que é preciso refletir como é que se pode fazer "para que no dia 25 de Abril todos os que não querem voltar ao dia 24, todos os democratas possam celebrar" este dia.
"Eu gostava muito de ter uma solução para isto e não me apetecia que fosse partidária, gostava que fosse a sociedade civil a fazer isso", disse.
De acordo com o líder liberal estiveram cerca de 500 pessoas no desfile da IL, recusando as críticas de aproveitamento político.
"É desculpa de mau pagador", contrapôs, assegurando que o aproveitamento do partido "foi zero".
Sobre a possibilidade de integrar a comissão promotora, Cotrim Figueiredo disse que ia "pensar muito nisso".
"Esse foi o meu primeiro instinto. Se queremos uma coisa mais ecuménica, mais aberta, devemos dar o exemplo, mas com a má vontade que eu tenho visto vou pensar muito bem, ainda não sei", disse apenas.
O desfile liberal, iniciado do Saldanha, desceu apenas metade da Avenida da Liberdade, tendo "dado a volta" em frente ao Cinema São Jorge, e esteve sempre bem distante dos restantes participantes nas comemorações.
Para além do presidente do partido, estavam ainda outras caras liberais, como o antigo candidato presidencial Tiago Mayan Gonçalves e o cabeça de lista a Lisboa nas autárquicas deste ano, Bruno Horta Soares.