É uma “viagem da comunidade digital à comunidade humana”, vinda muito a propósito da mensagem do Papa para o Dia Mundial das Comunicações Sociais, que se assinalou há uma semana. Foi assim que D. Américo Aguiar, bispo auxiliar de Lisboa e presidente do conselho de gerência da Renascença, começou por apresentar o livro “Descalço também se caminha”, este sábado na Feira do Livro de Lisboa.
O livro reúne três centenas de reflexões do padre João Aguiar Campos que começaram por ser posts no Facebook. A editora Paulus foi olhando para essas reflexões, desafiou o padre João a fazer um livro com elas, que está dividido em três capítulos e inclui 70 ilustrações de Luís Valente, tantos quantos os aniversários do autor do livro.
“Cheguei da praça com um cabaz de coisas e eles fizeram um prato bonito para os olhos”, resumiu o Padre João Aguiar, ex-presidente do conselho de gerência da Renascença, que fez questão de dizer, modestamente, que “a coisa mais linda do livro é o título e a capa”.
“A única coisa que posso oferecer é o olhar”, disse João Aguiar Campos, convidando cada um dos presentes na Praça Laranja da Feira do Livro a, nas suas próprias circunstâncias, ir tomando nota dos sons que não ouvir a passou a ouvir, dos pássaros que passou a conhecer, dos sentimentos que consegue reconhecer em si e nos outros e a “saborear os momentos”. É isso que passou a fazer mais e mais desde que como se retirou para Merelim, na diocese de Braga, que D. Américo Aguiar jocosamente chamou de “centro-histórico geodésico do planeta”.
Desse registar de sons, sensações e reconhecimentos o padre João vai dando conta no Facebook, onde também vai mantendo os amigos a par da sua saúde e fragilidades. “O autor confunde-nos: por vezes diz que está bem, mas nem por isso”, disse D. Américo, agradecendo por agora essa partilha estar em papel, porque assim se transforma de partilha digital em “partilha para a comunidade”.
Para o bispo auxiliar de Lisboa, o padre João tem dois dons especiais: o dom da escrita e o dom de ler as coisas, a sociedade, os sinais dos tempos de uma maneira muito especial e ser capaz de a transmitir. D. Américo agradeceu ter tido “a graça” de partilhar com o autor algum tempo no conselho de gerência da Renascença (primeiro foi vice de João Aguiar, sucedendo-lhe na presidência).
O bispo – que disse gostar mais de ir a apresentações de livros do que de apresenta-los – terminou a apresentação convidando os leitores a fazerem deste um livro de cabeceira, lendo todos os dias uma das reflexões. “Não digo que faça concorrência à Sagrada Escritura, mas é uma maneira muito especial de a ler”, concluiu D. Américo.