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O ministro das Infraestruturas deu este sábado uma conferência de imprensa para explicar a polémica em torno da exoneração do adjunto e desmentir a versão de Frederico Pinheiro. João Galamba garante que não escondeu informação ao Parlamento e não se demite do Governo.
“A decisão de manter ou não no Governo depende do próprio e do primeiro-ministro, os factos que apresentei não se tratam de haver versão contraditória. Os factos são cristalinos. Entendo que tenho todas as condições para ser membro do Governo", declarou João Galamba, em conferência de imprensa.
O ministro das Infraestruturas garante que o seu gabinete "nunca quis ocultar existência de quaisquer notas à comissão parlamentar de inquérito" (CPI) à gestão da TAP. Em causa está uma reunião preparatória de uma audição da então CEO da TAP, Christine Ourmières-Widener, na comissão de economia da Assembleia da República.
"Desta forma reitero a negação categórica de tentar ocultar informação à CPI. A informação foi enviada graças a insistência do meu gabinete junto de Frederico Pinheiro", declarou João Galamba.
De acordo com o ministro, após a audição da ex-CEO na CPI, Frederico Pinheiro foi convocado para uma reunião, a 5 de abril, para recolher informação sobre reunião com Christine Ourmières-Widener, ocorrida a 16 de janeiro. Nessa ocasião, o adjunto disse que não tinha quaisquer notas da reunião e há quatro testemunhas dessa declaração.
O ministro das Infraestruturas adianta que foram feitas novas insistências para saber se Frederico Pinheiro tinha informação sobre a reunião preparatória com a CEO da TAP, com o objetivo de enviar para a CPI.
Segundo João Galamba, todos os documentos solicitados pela comissão parlamentar foram recolhidos a 24 de abril e Frederico Pinheiro informou então que teria notas da reunião. "Há testemunhas" desse facto, sublinha.
Foi solicitado que enviasse as notas o mais depressa possível. Apesar dos pedidos Frederico Pinheiro não forneceu. O Ministério das Infraestruturas pediu então o prolongamento de prazo à CPI, para 26 de abril, para enviar resposta com todos os elementos.
Frederico Pinheiro não respondeu na manhã e tarde de 25 de abril, e só o fez passadas 24 horas, incluindo as notas da reunião "num corpo de e-mail".
"A 26 de abril, o Ministério das Infraestruturas enviou a CPI todos os elementos solicitados, incluindo notas de Frederico Pinheiro", indica o ministro. Galamba garante que a entrega de todos os elementos à comissão, inclusive com pedido de extensão do prazo, comprova que nunca houve omissões por parte do seu gabinete.
"Bárbara agressão" e roubo de computador reportado ao SIS e PJ
Nesta conferência de imprensa, o ministro das Infraestruturas deu a sua versão dos acontecimentos em torno da reunião com a então CEO da TAP, as notas dessa reunião e a exoneração do adjunto Frederico Pinheiro.
Neste esclarecimento, João Galamba disse que o seu gabinete reportou ao SIS e à Polícia Judiciária que Frederico Pinheiro, após a exoneração na passada quarta-feira, levou um computador com informação classificada.
João Galamba reportou a situação ao gabinete do primeiro-ministro e contactou com o ministério da Justiça.
Segundo apurou a Renascença, as informações classificadas contidas no computador recuperado a Frederico Pinheiro eram referentes ao plano de reestruturação da TAP.
O ministro conta que Frederico Pinheiro agrediu três mulheres do gabinete das Infraestruturas e acabou por conseguir das instalações com o computador com informação classificada.
"Após a exoneração, Frederico Pinheiro foi ao Ministério de onde levou o computador de serviço com recurso a violência sobre a chefe de gabinete e uma assessora. Lamento a bárbara agressão", declarou João Galamba.
Depois da agressão, foi contactada a PSP, que se dirigiu ao local.
O computador encontra-se agora na posse da Polícia Judiciária, até que seja feito um rastreio. O que importa, garante Galamba, é "preservar a integridade dos dados".
Galamba confirma reunião com CEO da TAP
O ministro das Infraestruturas disse que informou a ex-presidente executiva da TAP sobre a reunião preparatória pedida pelo PS e que podia participar, se quisesse, tendo recebido confirmação do interesse mais tarde, ao qual não se opôs.
João Galamba explicou que teve uma reunião com Christine Ourmières-Widener pouco depois de ter tomado posse como ministro, a pedido da ex-presidente executiva.
Segundo o ministro das Infraestruturas, Ourmières-Widener pretendia discutir com João Galamba o plano de reestruturação e os resultados da companhia aérea em antecipação da sua audiência no Parlamento fundamentar a sua exposição.
“Eu disse-lhe: ‘olhe, eu tenho um pedido do grupo parlamentar’, que me tinha chegado três dias antes, […] e eu disse ‘não faz muito sentido eu ir à reunião preparatória […] não sei, se quiser participar, pode participar”, afirmou João Galamba.
Naquele momento, prosseguiu, a ex-CEO da TAP não confirmou o interesse em fazer parte da reunião, tendo confirmado apenas mais tarde ao adjunto Frederico Pinheiro, que informou o ministro.
Segundo Galamba, Ourmières-Widener sublinhou que era “muito importante” que a ida ao parlamento, em janeiro, no âmbito de uma audição na comissão de Economia, antes da constituição de uma comissão parlamentar de inquérito, “não fosse apenas um momento para a usar a TAP apenas como arma de arremesso político”.
“Havendo interesse do deputado e do grupo parlamentar que participou na reunião e havendo interesse da CEO, o que fiz foi não me opor, porque, de facto, não vejo problema. Não foi uma reunião de preparação para comissão parlamentar de inquérito”, reiterou João Galamba.
Questionado sobre o comunicado enviado pelo Ministério das Infraestruturas, que refere que Galamba foi informado de que a ex-CEO queria participar na reunião, o governante reafirmou “integralmente” aquela informação. “Eu de facto fui [informado], porque tenho mensagem do doutor Frederico Pinheiro a dizer ‘João, a CEO quer participar na reunião, pode?’ e eu respondo ‘pode’”, apontou.
Galamba insiste que, neste caso, "não há contradição".
[notícia atualizada]