Terá sentido um processo de destituição de Trump que será derrotado do Senado, onde os republicanos detém a maioria? Recorde-se que para a destituição do presidente se concretizar seria necessicanos aceitaicanos aceitaem retarda o envio para o Senado das acusaçária, no Senado, uma maioria reforçada, de dois terços. Na Câmara dos Representantes, na qual a maioria democrática deliberou acusar o presidente, nenhum deputado republicano votou contra Trump. Por isso é impensável que a proposta destituição passe no Senado.
A líder da maioria democrática na Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, opôs-se durante meses a que o seu partido iniciasse um processo de destituição. Porque sabia que o Senado iria liquidar o processo e porque receava que ameaçar destituir Trump poderia dar um trunfo eleitoral ao presidente. Trump gosta de guerras políticas e esta permite-lhe vitimizar-se e mobilizar os seus apoiantes contra o que ele chama “a caça às bruxas”.
Mas as provas apresentadas contra Trump na Câmara dos Representantes eram de tal forma graves que não propor a destituição do presidente se tornou eticamente inaceitável, embora talvez politicamente pouco vantajosa. Agora Pelosi retarda o envio para o Senado das acusações a Trump, tentando que os republicanos aceitem ouvir ali, como testemunhas, membros da Casa Branca.
O que está em jogo neste processo de “impeachment” não é destituir Trump, mas ganhar vantagens tendo em vista as eleições presidenciais de novembro. Para já, Trump tem praticamente todo o partido republicano “no bolso” – o que é curioso, pois muitas das políticas do presidente são contrárias a tradicional ideologia desse partido. Acontece, por exemplo, quanto aos défices do orçamento federal, que o partido republicano detestava, mas Trump aceita alegremente. Ou na liberdade de comércio, que o partido prezava, mas Trump prefere o protecionismo.
Como a popularidade de Trump não tem baixado significativamente, os políticos republicanos receiam perder as suas eleições se não apoiarem o presidente, por muito que as palavras e as ações dele lhes desagradem. E, até agora, apenas uma revista dos fundamentalistas evangélicos apelou à remoção de Trump, que considerou ter um carácter fortemente imoral. Mas a maioria dos evangélicos continua a ser uma das principais bases de apoio a Trump.
Resta ao partido democrático esperar que as coisas mudem no decurso do próximo ano. E nomearem um candidato credível para se opor a Trump nas eleições presidenciais de novembro.