O CIVISA registou, desde 19 de março, quando se iniciou a crise sismovulcânica em São Jorge, 28.152 sismos, dos quais 240 sentidos pela população da ilha que se mantém em nível de alerta V4 (ameaça de erupção).
A informação foi avançada este domingo pela coordenadora das operações do Centro de Informação e Vigilância Sismovulcânica dos Açores (CIVISA) na ilha de São Jorge, Fátima Viveiros, no “briefing” diário para atualização da crise sismovulcância naquela ilha açoriana.
Segundo Fátima Viveiros, o gabinete de crise do CIVISA.
Este gabinete, que integra 10 investigadores de várias áreas de monitorização e com várias especialidades, reúne-se diariamente, tendo decidido, no sábado, manter o nível de alerta V4 (ameaça de erupção) de um total de sete, em que V0 significa "estado de repouso" e V6 "erupção em curso".
"O nível de alerta V4 é decidido pelo gabinete de crise e, portanto, é a analise integrada não só da sismicidade, mas de todos os parâmetros e daquilo que se pensa ser a compreensão do sistema que nos faz manter ou atribuir o nível V4 neste momento. Hoje à noite vamos voltar a reunir[-nos]", explicou.
A coordenadora das operações do CIVISA em São Jorge salientou que "a diminuição significativa" de sismos "pode também estar a ser mascarada", pelo menos nalgum número de eventos que "não esteja a ser visualizado", devido às condições meteorológicas.
O CIVISA reiterou que as condições meteorológicas - chuva e, principalmente, o vento - podem estar a influenciar o registo sísmico.
"Podem ocorrer abalos de uma magnitude muito baixa que acabam por não ser detetados pelos operadores. Quando as condições meteorológicas assim o permitem, mesmo os sismos de uma magnitude muito inferior conseguem ser detetados pelos nossos operadores", explicou.
Com a melhoria das condições meteorológicas, é esperado que "o sinal seja mais limpo" para "detetar todos os eventos" e ter "o cálculo mais real possível", acrescentou.
Fátima Viveiros disse que é preciso encarar esta crise sismovulcânica em São Jorge com cautelas, justificando que ter um reduzido número de eventos não significa que tudo tenha terminado.
"Portanto, temos que ir acompanhando e hoje vamos voltar a reunir, ver os dados que estão a ser adquiridos ao longo do dia e amanhã será dito qual o nível de alerta decidido", referiu.
A coordenadora das operações do CIVISA em São Jorge lembrou que muitas vezes estes sistemas podem reativar.
"Nós, para compreender o melhor possível este sistema, que durante 30 anos esteve no silêncio, mesmo que agora a certa altura o nível de alerta diminua, vamos continuar a monitorizar e a acompanhar todas as variações que vão acontecer nos próximos meses. Tudo se vai manter", disse.
Fátima Viveiros lembrou o que aconteceu na crise sismovulcânica do Vulcão do Fogo, na ilha de São Miguel, onde ocorreu um período inicial com atividade, uma acalmia posterior e "passados uns meses um novo incremento da atividade".
"Isso é aquilo que pode ser possível dentro destes sistemas naturais com as suas incógnitas. Muitas vezes estes sistemas podem reativar e até escalar em pouco tempo. Muitas vezes podem parar e ficar assim ou então podem ter oscilações em que temos períodos de maior atividade e períodos de menor atividade", sublinhou.
De acordo com o CIVISA, desde a crise sismovulcânica em São Jorge, a 19 de março, foram registados "um total de 28.152 eventos", dos quais 240 sentidos pela população.
"Entre as 00h00 e as 10h00 de hoje foram registados 18 eventos, com um deles sentido", segundo avançou Fátima Viveiros, acrescentando que "durante o sábado foram 69 os eventos registados, com um deles sentido".
Quanto à monitorização diária de deformações, da geoquímica de gases e das águas, continua "sem alterações".