A explosão de um míssil no mercado local de Kostiantynivka, na região de Donetsk, pode ter sido causada pela defesa antiaérea ucraniana, revelou esta terça-feira uma investigação realizada pelo jornal norte-americano "The New York Times" (NYT).
O rebentamento ocorreu a 6 de setembro, quando o mercado estava lotado, provocando a morte de 17 pessoas.
Na altura, o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, acusou as forças russas de serem responsáveis pelo ataque. No entanto, algumas evidências apontam noutro sentido.
As imagens das câmaras de segurança, diz o NYT, mostram que "o míssil voou do território controlado pela Ucrânia para Kostiantynivka", em vez de partir "por detrás das linhas russas".
Na opinião de especialistas independentes ouvidos pela publicação americana, o mais provável é que um projétil usada pelo sistema antiaéreo ucraniano tenha tido uma falha eletrónica ou que o mecanismo de orientação tenha ficado danificado durante o lançamento, acabando por cair sobre o mercado.
Esta opinião é corroborada pelo tipo de fragmentos e danos infligidos no local da explosão, que são mais consistentes com um 9M38, que é usado pelo sistema antiaéreo ucraniano Buk, e não com um S-300, o míssil que faz parte do arsenal russo e que teria sido usado no ataque.
O "New York Times" citou ainda evidências que mostram que, minutos antes do ataque, os militares ucranianos lançaram dois mísseis terra-ar em direção à linha da frente russa, a partir da cidade de Druzhkivka, 10 milhas (16 km) a noroeste de Kostiantynivka, o que sugere que um destes mísseis pode ter provocado, acidentalmente, a explosão no mercado.
Um conselheiro do gabinete de Zelensky, Michael Podolyak, reagiu no X, antigo Twitter, acusando o NYT de alimentar “teorias da conspiração” e garantiu que as autoridades ucranianas estão a desenvolver uma “investigação completa e detalhada” das “circunstâncias em que se verificou o ataque em Kostiantynivka”.
Por sua vez, a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, sugeriu no seu canal de Telegram que o exército ucraniano está a “bombardear as suas cidades”.
"Mesmo que tenha sido feito sem querer, é óbvio para todos: a desmilitarização completa do regime de Kiev não é apenas um requisito, mas uma necessidade vital", referiu Zakharova.
Desde o início da invasão da Ucrânia, em 24 de fevereiro de 2022, o exército russo bombardeou repetidamente as cidades ucranianas, destruindo infraestruturas civis, incluindo escolas e hospitais, e provocando a morte de milhares de pessoas.