Cantão, uma das maiores cidades da China, impôs esta segunda-feira um bloqueio no principal distrito, que inclui a suspensão dos transportes públicos e a exigência de teste negativo à Covid-19 aos residentes que quiserem sair de casa.
O surto em Cantão é um teste à tentativa da China de adotar uma abordagem mais "direcionada", enquanto mantém a estratégia de `zero casos` de Covid-19. A capital da província de Guangdong registou quase 9.000 casos nas últimas 24 horas, de longe o maior surto ativo no país.
A China é o único grande país do mundo que continua a impor medidas altamente restritivas de prevenção epidémica, incluindo o bloqueio de distritos e cidades inteiras, a realização de testes em massa e o isolamento de todos os casos positivos e respetivos contactos diretos.
O distrito de Baiyun, em Cantão, também suspendeu as aulas presenciais nas escolas e bloqueou os espaços universitários. As medidas devem durar até sexta-feira, anunciou a cidade.
"Já armazenamos comida para pelo menos duas semanas"
"Está tudo em suspenso", descreveu Alexandre Castro, treinador português de futebol radicado há três anos na cidade chinesa. "Já armazenamos comida para pelo menos duas semanas", disse à agência Lusa.
No domingo, Pequim registou duas mortes. Foram os primeiros óbitos em todo o país, em mais de seis meses, provocados pelo novo coronavírus.
Embora os críticos tenham questionado os dados da China e, especificamente, o número de mortos, a estratégia chinesa evitou surtos maciços e manteve os novos casos diários mais baixos do que no resto do mundo.
Diretrizes nacionais publicadas no início deste mês pediram aos governos locais que sigam uma abordagem científica e direcionada, e que evitem medidas desnecessárias.
As autoridades querem evitar bloqueios de cidades inteiras, para tentar minimizar o impacto na atividade económica, mas sem abdicar da estratégia que visa eliminar surtos do novo coronavírus, tendo anunciado uma redução do período de quarentena para viajantes oriundos do exterior e contactos diretos de casos positivos, e o fim da interrupção dos voos com casos a bordo, entre outras medidas.
O relaxamento de algumas medidas é uma tentativa de tornar as políticas mais "científicas e precisas", disse o vice-diretor da Comissão Nacional de Saúde, Lei Haichao.