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O antigo membro do Comité de Governação da FIFA, Miguel Poiares Maduro, diz que os "líderes políticos não têm de ir ver jogos ao Qatar".
Ouvido pela Renascença sobre a presença do Presidente da República, primeiro-ministro e presidente da Assembleia da República em jogos da seleção portuguesa no Mundial, Poiares Maduro diz-se contra e revela que vai assinar um artigo de opinião contra a presença de chefes de Estado no Qatar.
"Há uma razão pela qual os governos de regimes autocráticos tentam obter estes grandes eventos desportivos: Reforçam o seu capital político internamente e externamente. É o chamado 'sportswashing'", aponta.
O social-democrata admite que Portugal tem de ter relações institucionais com o Qatar, mas rejeita que isso implique a ida de Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa para apoiar a seleção.
Poiares Maduro diz que as palavras do Presidente da República, no final do Portugal-Nigéria, sobre os direitos humanos no Qatar, foram "infelizes" e recorda "que não é a primeira vez nas últimas semanas em que o Presidente se coloca em posição para comentar de forma apressada e inadequada um tema sensível".
"Leva-o a desvalorizar, seguramente sem intenção, uma questão que não pode nem deve ser desvalorizada", realça.
Miguel Poiares Maduro saiu do Comité de Governação da FIFA após apenas oito meses no cargo, tecendo, na altura, fortes críticas à entidade que supervisiona o futebol. E não acredita que, depois desta polémica, a FIFA possa mudar a sua postura.
"O modelo de governo da FIFA só ocorrerá se for imposta. Se não acontecer, nada de substancial vai mudar", relembrando que, ainda esta sexta-feira, a FIFA anunciou a proibição de venda de cerveja com álcool nos estádios do Qatar durante o Mundial, a dois dias do início da competição.
"Depois de tudo o que aconteceu, a FIFA ainda faz isto a poucos dias do Mundial, sem prejudicar aqueles que vão ficar na bancada VIP", sublinha.
Para isso acontecer, o social-democrata pede que esta mudança passa pelas autoridades públicas e ao nível da União Europeia.