As autoridades de saúde do Reino Unido anunciaram esta quarta-feira a suspensão da vacina da AstraZeneca contra a Covid-19 a menores de 30 anos.
Às pessoas na faixa etária entre os 18 e os 29 anos vai ser oferecida uma vacina alternativa à AstraZeneca, após terem sido detetados 79 casos de coágulos sanguíneos. O regulador atualizou para 19 mortes entre 79 casos de pessoas que desenvolveram este problema – dos quais 51 mulheres e 21 homens – com idades entre 18 e 79 anos, contra sete mortes entre 30 casos identificados há quatro dias. No total, mais de 21 milhões de doses da vacina AstraZeneca foram administradas no país.
A notícia é conhecida pouco depois de a Agência Europeia do Medicamento declarar que a vacina da Astrazeneca é segura e que as suas vantagens são maiores do que possíveis reações adversas, apesar de "efeitos adversos muito raros".
A reguladora farmacêutica do Reino Unido, MHRA, já disse que a existência destes casos de coágulos não constitui prova de que são causadas pela vacina, embora a ligação se esteja a tornar mais provável.
“Enquanto os testes clínicos permitem avaliar efeitos normais, efeitos mais raros só são detetados quando vacina é usada em grande escala”, disse a diretora da MHRA, June Raine, numa conferência de imprensa.
A médica disse ainda que os efeitos secundários são "extremamente raros" e que a investigação para saber se são causados pela vacina continuam, mas que com a informação disponível nesta altura "o saldo entre os benefícios e os riscos conhecidos mantém-se muito favorável para a maioria das pessoas".
Segundo Raine, o risco de complicações é agora de quatro num milhão e referiu que apenas três das 19 mortes eram de pessoas com menos de 30 anos.
Apesar das recomendações, todos os que já receberam a primeira dose da AstraZeneca devem receber ainda a segunda, dizem as autoridades britânicas, e todos os que vão ser vacinados pela primeira vez e que tenham condições de saúde que as predispõem para coágulos sanguíneos devem falar com o seu médico.
Na terça-feira, a Universidade de Oxford anunciou a suspensão dos testes em crianças da vacina que desenvolveu com o laboratório anglo-sueco.
Até agora, as autoridades de saúde e políticas britânicas têm defendido firmemente a vacina desenvolvida no Reino Unido de críticas e reiterado que os benefícios superam os riscos.
Porém, as dúvidas têm-se acumulado, principalmente quanto à vacinação dos mais novos, pois a maioria dos maiores de 50 anos já recebeu a primeira dose.
A limitação do uso da vacina AstraZeneca pode atrapalhar a campanha de vacinação no Reino Unido, o país com mais mortes atribuídas a covid-19 na Europa, quase 127.000 desde o início da pandemia.
Por precaução, vários países decidiram deixar de administrar a vacina abaixo de certa idade, como a França, Alemanha e Canadá, enquanto a Noruega e a Dinamarca suspenderam totalmente o seu uso.
[notícia em atualização]