"A Herdade", de Tiago Guedes, e "Cães que ladram aos pássaros", de Leonor Teles, vão estar em competição no 76.º Festival de Cinema de Veneza, que decorre de 28 de agosto a 7 de setembro, em Itália.
O filme de Tiago Guedes, que estreia em Veneza, vai estar na competição principal na corrida ao ambicionado Leão de Ouro. Em Portugal, chega aos cinemas a 19 de setembro.
Além de "A Herdade", este ano competem pelo Leão de Ouro mais 20 filmes, entre os quais "La verité", de Kore-eda Hirokazu, "Ad Astra", de James Gray, "Joker", de Todd Phillips, "J'Accuse", de Roman Polanski, e "The Laundromat", de Steven Soderbergh.
O júri da competição oficial é este ano presidido pela realizadora argentina Lucrecia Martel.
"A Herdade" tem coprodução da Leopardo Filmes e da Alfama Filmes, e conta a "saga de uma família proprietária de um dos maiores latifúndios da Europa, na margem sul do rio Tejo, [...] fazendo o retrato da vida histórica, política, social e financeira de Portugal, dos anos 40, atravessando a revolução do 25 de Abril e até aos dias de hoje".
Com argumento de Rui Cardoso Martins e Tiago Guedes, com a colaboração de Gilles Taurand, o elenco é composto por Albano Jerónimo, Sandra Faleiro, Miguel Borges, João Vicente, Ana Bustorff, Beatriz Brás, entre outros.
Depois de Veneza, o filme terá a sua estreia norte-americana no Festival Internacional de Cinema de Toronto, cuja 44.ª edição decorre entre 5 e 15 de setembro.
Tiago Guedes, de 48 anos, que além de realizador é argumentista e encenador, é ainda responsável pelos filmes "Tristeza e alegria na vida das girafas" (2018), a adaptação ao cinema de uma peça de teatro homónima de Tiago Rodrigues, "Coisa Ruim" (2006), "Acordar" (2001) e "O Ralo" (1998).
Nova “curta” de Leonor Teles em competição
O filme português "Cães que ladram aos pássaros", de Leonor Teles, vai estar em competição no 76.º Festival de Cinema de Veneza.
O filme faz parte da secção competitiva Orizzonti, sub-secção de curtas-metragens, de acordo com a produtora Uma Pedra no Sapato.
"Cães que ladram aos pássaros", refere a produtora, "acompanha os dias de verão de Vicente e da sua família, obrigados a sair da sua casa no centro do Porto, por força da especulação imobiliária".
O nome de Leonor Teles, de 27 anos, sobressaiu no cinema português em 2016, quando venceu o Urso de Ouro, o prémio máximo do festival de Berlim, com "Balada de um batráquio".
Depois das curtas-metragens "Rhoma Acans" e "Balada de um batráquio", Leonor Teles assinou em 2018 a primeira longa documental, "Terra Franca", vencedora de uma dezena de prémios, que acompanha a vida de Albertino Lobo, um pescador de Vila Franca de Xira (onde a realizadora nasceu) ligado desde sempre ao rio Tejo.
Além disso, a programação do festival integra ainda um outro filme português: "Francisca" (1981), de Manoel de Oliveira, construído sobre o romance "Fanny Owen" de Agustina Bessa-Luís.
O filme será exibido na secção Venice Classics, na qual é apresentada "uma seleção das melhores versões restauradas de clássicos do cinema, da responsabilidade de arquivos de cinema, instituições culturais e produtoras de todo o mundo".
As obras exibidas na secção Venice Classics competem pelos prémios de Melhor Filme Restaurado e Melhor Documentário sobre Cinema, cujos vencedores são escolhidos pelo Júri de Estudantes de Cinema, presidido pela realizadora e argumentista Costanza Quatriglio.
A 76.ª edição do Festival de Cinema de Veneza abre oficialmente a 28 de agosto com o filme "La vérité", do realizador japonês Hirokazu Kore-eda, protagonizado por Catherine Deneuve, Juliette Binoche e Ethan Hawke.
O cineasta espanhol Pedro Almodóvar vai receber o Leão de Ouro pela carreira.
A anterior produção portuguesa presente na competição principal de Veneza foi a longa-metragem "As linhas de Wellington", da realizadora chilena Valeria Sarmiento, também produzida por Paulo Branco.