A prestação do crédito à habitação subiu 67% desde julho do ano passado. As contas são avançadas à Renascença pelo economista Nuno Rico, especialista em produtos bancários da DECO PROteste.
O Banco Central Europeu (BCE) anunciou esta quinta-feira um aumento de 25 pontos base das taxas de juro de referência, o que vai traduzir-se numa taxa de refinanciamento de 4,5%.
É esta taxa que tem impacto no dinheiro para emprestar às famílias, o que significa que a prestação do crédito à habitação vai “manter a tendência crescente”, diz Nuno Rico, da DECO PROteste.
O especialista explicou que “esta subida da taxa diretora do BCE, apesar de não ser ela que define os valores da Euribor, acaba por influenciar e certamente irá traduzir-se na continuidade da subida da Euribor”.
Nuno Rico avisa que a Euribor, “apesar de ter estagnado no mês de agosto, nos últimos dias voltou a subir e isto irá traduzir-se em subida nas prestações, à medida que os contratos sejam revistos”.
Prestação mensal sobe 25 euros
Fazendo contas, uma família com um empréstimo de 150 mil euros, a 30 anos, com um spread de 1% e Euribor a seis meses, vai passar a pagar mais 25 euros por mês, resultando numa prestação mensal de 825 euros.
Isto significa que, desde julho do ano passado, quando o BCE começou a aumentar as taxas diretoras, a prestação do crédito à habitação sofre um agravamento de 67%, passando de 493 euros, quando a média da Euribor de julho de 2022 era de 0,162%, para 825 euros, com uma média da Euribor de setembro de 3,943%.
Face a esta escalada da prestação mensal para pagar a casa, Nuno Rico defende que o Governo deve implementar, com urgência, novas medidas para evitar que se repita o que aconteceu em 2011/2013, quando muitas famílias tiveram de entregar a casa ao banco.