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A revista científica britânica “The Lancet”, uma das mais prestigiadas publicações médicas do mundo, realçou esta terça-feira que parte da informação usada pelo presidente norte-americano para criticar a Organização Mundial de Saúde (OMS), devido à pandemia de covid-19, está incorreta.
Nas acusações feitas na segunda-feira à OMS, Donald Trump disse que a OMS "ignorou consistentemente relatórios credíveis sobre a propagação do vírus em Wuhan [na China] no início de dezembro, ou até antes, incluindo relatórios da [The] Lancet".
Mas a revista britânica destacou que "esta afirmação está factualmente incorreta", já que não publicou nenhum relatório em dezembro de 2019 sobre um surto de vírus em Wuhan, nem em qualquer outra cidade chinesa.
Segundo a “The Lancet”, os primeiros relatórios lançados pela publicação sobre o novo coronavírus são datados de 24 de janeiro, um feito pela equipa do médico Chaolin Huang sobre os primeiros 41 doentes infetados com covid-19 em Wuhan, e outro pelo grupo liderado por Jasper Chan com a primeira prova científica da transmissão do novo vírus entre seres humanos.
"As alegações contra a OMS na carta do presidente Trump são sérias e prejudiciais aos esforços de reforçar a cooperação internacional para controlar esta pandemia", assinalou a “The Lancet”, acrescentando que "é essencial que qualquer revisão da resposta global seja baseada em dados fidedignos sobre o que realmente aconteceu em dezembro e janeiro".
Na última madrugada, Trump ameaçou terminar indefinidamente a contribuição para a OMS, no prazo de 30 dias, e admitiu a possível saída dos Estados Unidos da organização.
"Se a OMS não se comprometer com melhorias significativas nos próximos 30 dias, tornarei a suspensão temporária de fundos à OMS permanente e reconsiderarei a nossa participação na agência", avisou Donald Trump, numa carta que enviou ao diretor-geral da OMS, e que partilhou na sua conta na rede social Twitter, levando a várias reações, entre as quais da União Europeia e da China.
No dia 14 de abril, Trump suspendeu a contribuição do país à OMS, anunciando que iria conduzir um estudo "para examinar o papel da OMS na má gestão e ocultação da disseminação do novo coronavírus".
Na carta enviada na segunda-feira ao responsável da OMS, Trump deu por concluída a avaliação, confirmando "muitos dos sérios problemas" de que acusava a organização.
Até agora o maior contribuinte para a OMS, os Estados Unidos davam anualmente 400 a 500 milhões de dólares à organização, entre contribuições obrigatórias e voluntárias.
Os Estados Unidos são atualmente o país com mais mortos por covid-19 (mais de 90.000) e mais casos de infeção confirmados (mais de 1,5 milhões).
A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 318 mil mortos e infetou mais de 4,8 milhões de pessoas em 196 países e territórios.
Mais de 1,7 milhões de doentes foram considerados curados.