O presidente da Cáritas diz que a contribuição dos portugueses no peditório público da próxima semana é fundamental para a instituição continuar a ajudar quem mais precisa. A recolha é nacional, mas reverte para cada uma das cidades ou dioceses onde vai ser feita.
O peditório vai decorrer a partir da próxima quinta-feira, no âmbito da Semana Nacional da Cáritas, que começa este domingo. É o único financiamento que a organização tem, e está devidamente autorizado.
“As pessoas têm de estar identificadas, quem anda a pedir tem de requerer o selo para a lapela, para evitar oportunismos, como muitas vezes acontece nestas circunstâncias”, explica Eugénio Fonseca, sublinhando que “este peditório está autorizado pelo Governo” e que “aquilo que se aquilo que se pede nas ruas de uma determinada cidade, fica aí, para as pessoas que habitam nessa cidade ou na diocese respetiva. Fala-se num peditório nacional, mas nada disso reverte para a Cáritas nacional, fica sempre para o local. As pessoas estão a ajudar os seus concidadãos mais próximos”.
No peditório colaboram anualmente cerca de 4 mil voluntários. Este ano a recolha vai ser feita entre 12 e 15 de março, culminado no Dia Nacional da Cáritas, sendo que nesse domingo também a coleta das missas reverterá para a instituição. Eugénio Fonseca explica que tudo o que fôr recolhido será aplicado na ajuda de proximidade que a Cáritas assegura.
“Todo o dinheiro que se angaria nas ruas, e nos ofertórios das eucaristia, fica para ajudar, durante o ano, nas rendas, antes que a pessoa seja despejada; na saúde, que é fundamental; no pagamento das próprias creches e infantários; no pagamento de próteses auditivas e oculares; nas ajudas no campo da deslocação das pessoas, para tratamentos médicos ou consultas, vêm às vezes pedir para pagarem a ambulância ou o táxi”, exemplifica o responsável, acrescentando que em 2019 houve “121 mil pessoas que contactaram a Cáritas”.
Durante esta Semana Nacional, a Cáritas vai também apresentar o seu “1º Caderno de Intervenção Sociopolítica”, com as várias propostas que a instituição apresentou a sucessivos governos, ao longo dos últimos 12 anos, mas que nunca tiveram resposta.
“Estas propostas têm em si a potencialidade de envolver, na linha da subsidiariedade, as organizações que estão mais próximas dos cidadãos. Uma das propostas tem a ver com a necessidade de se ativar as redes sociais nas Juntas de Freguesia, mais do que propriamente nas Câmaras”, diz Eugénio Fonseca, explicando que tiveram sempre a preocupação de elaborar propostas realistas em termos de aplicação e de custos.
“Nas propostas que fizemos em várias áreas tivemos esse cuidado - com os economistas que pertencem a este núcleo de Observação Social - que não fossem muito onerosas, sabendo nós das limitações orçamentais que o Estado tem. O que nos deixou preocupados foi o não terem tido acolhimento por parte das instâncias a que foram dirigidas”, explica o presidente da Cáritas Portuguesa, admitindo que tornar público este caderno reivindicativo pode ajudar a chamar de novo a atenção para as várias sugestões que fizeram, e que continuam válidas.
“Para os políticos de agora, elas são atuais. E também para que a população portuguesa perceba quais são as preocupações que a Cáritas tem, que perceba que a Cáritas não está apenas no campo da denúncia, mas também no anúncio de alternativas aos problemas que existem. E também tornando público este caderno reivindicativo, as pessoas poderão saber onde se podem posicionar para dar o seu contributo”, adianta.