O primeiro-ministro defendeu, esta sexta-feira, que "era difícil encontrar um local mais simbólico" para instalar o novo centro interpretativo do 25 de Abril do que no Terreiro do Paço, em Lisboa, lembrando a Revolução dos Cravos como uma "data rara".
"Era difícil encontrar um local mais simbólico para o instalar [centro interpretativo] do que num dos locais que foi mais relevante na operação militar do 25 de Abril" de 1974, considerou hoje o chefe do executivo, António Costa.
O primeiro-ministro discursava na cerimónia de assinatura do protocolo de cooperação para a instalação e gestão científica, operacional e turístico-cultural do Centro Interpretativo do 25 de Abril, que decorreu no Ministério da Administração Interna, onde será instalado este centro, idealizado pela Associação 25 de Abril.
António Costa afirmou que "houve várias outras operações militares que antecederam a chegada da coluna da Escola Prática de Cavalaria e, porventura, até mais determinantes para o sucesso da operação".
"O certo é que, no imaginário de todos nós, naquilo que é o imaginário sempre reavivado pelas reportagens televisivas, aqui no Terreiro do Paço, entre o Terreiro e a Rua do Arsenal, viveu-se talvez o momento de maior tensão e mais decisivo para o triunfo de uma revolução, sem derramamento de sangue, e onde rapidamente as [metralhadoras] G3 deixaram de ter de ser utilizadas para a hipótese de serem disparadas balas, mas para poderem simplesmente acolher no seu cano os cravos vermelhos que se tornaram o símbolo da revolução", recordou António Costa.
O chefe do executivo disse ainda que não está em causa "um museu do 25 de Abril, nem um museu da democracia" mas sim "um centro interpretativo" que permitirá compreender o significado da Revolução dos Cravos.
Com o militar de Abril e presidente da Associação 25 de Abril, coronel Vasco Lourenço, a ouvi-lo, António Costa salientou que os 50 anos da revolução de 1974, celebrados este ano, ao contrário de datas como o 05 de Outubro de 1910 (Implantação da República) ou o 01 de Dezembro de 1640 (Restauração da Independência), é uma data que ainda será celebrada com alguns dos seus protagonistas vivos.
"Podemos felizmente celebrar os 50 anos do 25 Abril podendo contar ainda com o contributo vivo, com a memória vivida daqueles que fizeram o 25 de Abril e que creio que, na totalidade ou quase totalidade, se reúnem na Associação 25 de Abril", disse, salientando o papel fundamental desta entidade no processo.
António Costa detalhou que o protocolo assinado esta sexta-feira envolve o Estado, que cede as instalações e financia o projeto museológico, a Associação 25 de Abril, "responsável por todo o programa museológico" e a Câmara Municipal de Lisboa, através da Associação do Turismo de Lisboa, que assegurará a "gestão de equipamento culturais e de gestão de operações e de obras de transformação desta praça do Terreiro do Paço, agora para transformar este Ministério da Administração Interna no futuro centro interpretativo do 25 de Abril".
Costa agradeceu à Comissária Executiva da Comissão Comemorativa dos 50 anos do 25 de Abril, Maria Inácia Rezola, ao ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, mas também ao ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, uma vez que "desde a primeira hora não teve a menor dúvida e hesitação em disponibilizar as instalações do ministério para que aqui fosse instalado o centro".
O Ministério da Administração Interna passará para as instalações do atual Ministério da Agricultura, mantendo-se no Terreiro do Paço, e, por sua vez, o ministério atualmente chefiado por Maria do Céu Antunes passará para o Campo Pequeno, para a ainda sede da Caixa Geral de Depósitos.
De acordo com o coronel Vasco Lourenço, que falou aos jornalistas no final da cerimónia, o centro interpretativo deverá estar pronto em 2026.