Há muitas razões para querer ir ao espaço, mas a qualidade gastronómica não está entre elas. Agora, seis alunos do Instituto Politécnico da Guarda (IPG) querem mudar essa realidade.
Os jovens, de áreas distintas como farmácia, gestão hoteleira, turismo, biotecnologia medicinal, investigaram a temática da gastronomia no espaço, com o objetivo de desenvolver uma solução de inovadora.
“Como melhorar a experiência gastronómica no espaço? Sabemos que a alimentação no espaço não é sensorialmente atrativa, na medida em que a preocupação é para com os aspetos nutricionais e não com a experiência sensorial, mas a experiência gastronómica é mais do que isso”, lembra Teresa Paiva, a facilitadora do desafio Spacefood Ideation, elaborado no âmbito do Projeto Link Me Up – 1000 ideias, que promove a inovação e o empreendedorismo em 13 instituições politécnicas e que no IPG é coordenado pela mesma docente.
A problemática do transporte, da conservação e do consumo dos alimentos no espaço, observando o turismo espacial como uma indústria com potencial e em expansão (o turismo espacial será um mercado de três mil milhões de dólares até 2030) foram mote para o estudo que procurou oportunidades de investimento da nova era espacial.
Em ambiente de microgravidade os astronautas não podem comer arroz, por exemplo, mas, Teresa Paiva, professora no departamento de gestão e economia no IPG, acredita que “é possível melhorar a oferta alimentar dos astronautas. Realidade virtual nas naves espaciais, as embalagens comestíveis, uma vez que o material tem de ser sempre leve, a aposta em especiarias mais picantes e estimulantes, a cultura de vegetais no espaço”, descreve, desabafando “coitados dos astronautas, comem só papas que são preparadas com água. Não têm o prazer de trincar, da textura. As condições do olfato não são as mesmas”, garante, revelando que os alunos entrevistaram astronautas portugueses.
A coordenadora do projeto Spacefood Ideation revela ainda o objetivo de preparar as empresas do agroalimentar para um novo segmento de procura. “Aliámo-nos a duas instituições externas para oferecerem alimentos para cultivar no espaço, no futuro, a InovCluster - Associação do Cluster Agroindustrial do Centro e o CATAA – Centro De Apoio Tecnológico Agro-Alimentar De Castelo Branco”, desvenda Teresa Paiva.
A colocação de uma impressora 3D no espaço para refeições que podem ser "cozinhadas" através da impressão 3D, é outra das ideias que fizeram do Spacefood Ideation o vencedor da Final Nacional dos desafios Co-Criação, no âmbito do Projeto Link Me Up – 1000 ideias, que promove a inovação e o empreendedorismo em 13 instituições politécnicas. “Eu adorava lá ter no espaço, um bacalhau à Brás. Havemos de encontrar um alimento mais português para ser degustado no espaço”, conclui.