Veja também:
- Os últimos números da pandemia em Portugal e no mundo
- Todas as notícias sobre a pandemia de Covid-19
- Guias e explicadores: as suas dúvidas esclarecidas
- Boletins Covid-19: gráficos, balanços e outros números
O número de casos de Covid-19 está a aumentar em Portugal e é preciso “evitar contactos entre avós e netos" que não vivem na mesma casa e medidas municipais para travar o avanço da doença. A ideia é defendida em entrevista à Renascença por Manuel Carmo Gomes, professor de Epidemiologia da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.
A posição do especialista está em linha com a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, e o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que perante a subida diária de infeções pediram aos portugueses que “confraternizem menos” e até possam “repensar o Natal em família”.
Manuel Carmo Gomes explica a urgência de evitar a transmissão entre elementos da mesma família, mas que não vivem na mesma habitação.
“Agora vamos para o Inverno. As pessoas retomaram a sua atividade quase normal e estão a passar mais tempo dentro de recintos fechados não arejados. E isto inclui quer o nosso agregado familiar quer pessoas da nossa família, mas com as quais nós não coabitamos. Este tipo de contactos vai aumentar e são oportunidades excelentes para o vírus se transmitir.”
O epidemiologista defende “um conjunto de medidas que passa, por exemplo, por evitar os contactos desnecessários com pessoas que não são nossos coabitantes, mesmo que sejam da nossa família”.
Para este professor de Epidemiologia da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, as famílias têm de ter especial cuidado com os mais idosos. Manuel Carmo Gomes admite que avós e netos vão ter de voltar a reduzir os contatos ao mínimo neste Inverno.
“Nós temos que proteger as pessoas de risco, nomeadamente os idosos com mais de 60 anos. Se os netos, habitualmente, não coabitam com os avós, nós devemos fazer um esforço para evitar contactos entre eles, nomeadamente nestas festas, encontros de fim de semana, aniversários, etc…”
“O número de casos está a aumentar, mas o que é grave é que esses casos estão a chegar aos idosos. Idosos infetados significa hospitalizações”, alerta.
Estes são cuidados que todos deverão ter, mas há aqui um papel importante a desempenhar pelo Governo: o de garantir o reforço do sistema de saúde.
“O vírus está a andar à nossa frente, basta olhar para os números. Há uma onda de transmissão que vai à nossa frente e nós não estamos a conseguir apanhá-la. Há locais do país onde está a correr melhor, noutros pior. É preciso reforçar as equipas de saúde pública, para que o processo de identificação e rastreio se faça com a eficiência necessário para nós apanharmos o vírus.”
Nestas declarações à Renascença, Manuel Carmo Gomes admite que o número de casos diários vai continuar acima dos mil nos próximos dias, mas é preciso evitar uma subida substancial que acelere a entrada de doentes nos hospitais.
O epidemiologista espera que seja possível, em breve, tomar medidas a nível municipal que evitem a necessidade de voltar a por o país em confinamento.
“A entrada nos hospitais tem que ser a mais gradual possível. Tenho muito esperança que, até novembro, tenhamos um conjunto de ações para implementar a nível municipal para travar a transmissão a nível local, para evitar irmos para grandes confinamentos como assistimos em março”, defende o professor de Epidemiologia da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.
Portugal regista mais 12 mortes e 1.394 casos de Covid-19 nas últimas 24 horas, indica o boletim epidemiológico divulgado esta sexta-feira da Direção-Geral da Saúde (DGS). É o segundo dia com maior aumento de infeções, depois de ontem terem sido confirmados mais de 1.200 infeções pelo novo coronavírus.
Desde a chegada da pandemia, no final do mês de fevereiro, foram diagnosticadas 83.928 infeções pelo novo coronavírus.
O número total de vítimas mortais aumenta para 2.062 até esta sexta-feira, avança a DGS.
EVOLUÇÃO DA COVID-19 EM PORTUGAL