O Arcebispo de Braga apresentou na quarta-feira o primeiro serviço de acolhimento familiar do páis. A unidade disponibiliza, entre outras valências, uma proposta de acompanhamento, discernimento e integração de pessoas divorciadas em nova união civil.
Para D. Jorge Ortiga a realidade das famílias mudou muito e a Igreja estar atenta. “Ninguém
ignora que a família hoje está invadida por um conjunto de problemas. Temos de
ter consciência disso. A realidade dos divorciados, dos recasados, aqui
há 20 anos atrás não tinha dimensão nenhuma, hoje é uma realidade, e penso que
a Igreja não pode fechar os olhos a esta realidade. É por isso que temos de
procurar uma resposta, com seriedade, na fidelidade da doutrina da Igreja, que
é isso que nos interessa, porque o discernimento é isso mesmo, é discernir para
ser fiel à Igreja, seguindo a vontade de Deus, mas dando resposta, uma resposta
nova a problemas que também são novos”.
No conjunto das dioceses portugueses Braga é a primeira a criar um grupo específico para o acompanhamento dos cristãos divorciados recasados, admitindo a possibilidade de acesso aos sacramentos, mas D. Jorge Ortiga garante que “todos os bispos estão sensíveis a este problema”, e que pode haver “uma resposta a nível nacional, de todos”.
Para já, cada bispo na sua diocese tem obrigação de orientar este serviço “como melhor entender”, sendo que o arcebispo de Braga também lembrou, nesta conferência de imprensa, que os próprios sacerdotes, nas suas comunidades, “devem anunciar a possibilidade de se iniciarem processos de discernimento para as pessoas que vivem nas chamadas situações irregulares. Com este anúncio alguns poderão começar este percurso e a comunidade irá compreender que não se trata de facilitismo, mas antes da vivência do Evangelho”.
Explicou que “não se trata de conceder uma autorização geral para aceder aos sacramentos, mas de um processo de discernimento pessoal, do foro interno, acompanhado por um pastor com encontros regulares”. O prelado sublinhou ainda tratar-se de uma concretização do “ministério do discernimento” proposto pelo Papa Francisco na Exortação Apostólica Pós-Sinodal “Amoris Laetitia” sobre a família.
D. Jorge Ortiga lembrou ainda que "o processo pode ser longo" e que pode culminar "no acesso aos sacramentos da reconciliação e comunhão".
"No final do discernimento, os membros do casal poderão ser considerados idóneos para serem padrinhos ou madrinhas", acrescenta.
Para este serviço, na Arquidiocese de Braga, colabora uma “equipa estável”, constituída por uma jurista em Direito Canónico e Civil, um psicólogo, um psiquiatra, ma médica de Medicina Geral e Familiar e três sacerdotes jesuítas para o “acompanhamento personalizado tendo em vista o discernimento”, e várias instituições do âmbito familiar.
Na mensagem de Natal, D. Jorge Ortiga já tinha revelado a existência deste centro de apoio à família.