Uma em cada 10 crianças da Área Metropolitana do Porto é vítima de violência grave, o que afeta o funcionamento do sistema imunitário, de acordo com um estudo do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP).
O estudo no âmbito do projeto Geração XXI, que acompanha crianças da Área Metropolitana do Porto desde o nascimento indica que cerca de 75% dos menores com sete anos de idade são vítimas de agressão psicológica e de castigos corporais.
Segundo o documento, adiantado esta quinta-feira pelo "Jornal de Notícias", 10% dos menores (que foram sujeitos a testes psicológicos para medir o nível e a frequência dos maus-tratos físicos a que são sujeitas) sofreram agressões graves (como bater com cinto ou objeto duro ou queimar) com frequência.
Os resultados desta investigação, que vai ser publicada em breve numa revista científica, indicam que entre as crianças de sete anos que sofrem castigos corporais, 58% apresentam valores de inflamação elevados, quase o dobro das que não são vítimas de maus-tratos.
O estudo conclui ainda que a violência sobre as crianças é menos frequente nas famílias monoparentais do que nas biparentais.
“As mães que foram vítimas de violência doméstica durante a gravidez batem mais nos filhos (13%) do que as que não foram expostas a maus tratos (7%)”, indica o estudo.
A investigação conclui também que as crianças cujos pais têm mais escolaridade, de profissões mais qualificadas e rendimentos mais altos reportaram mais agressões psicológicas e castigo corporal.
As formas de violência mais graves são mais frequentemente reportadas pelos filhos de pais com posição socioeconómica mais baixa, conclui ainda o estudo.