O PSD e a Iniciativa Liberal (IL) criticam as declarações do presidente da Assembleia da República sobre a Operação Influencer e questionam se Augusto Santos Silva tem condições para continuar no cargo.
O líder parlamentar do PSD, Joaquim Miranda Sarmento, diz que Santos Silva deve pensar muito bem se tem condições para continuar a exercer o cargo de presidente do Parlamento.
Miranda Sarmento acusa Santos Silva de estar a condicionar a justiça e isso não mostra a sua independência como presidente da Assembleia da República.
“O Sr. presidente da Assembleia da República não pode tentar condicionar ou, pelo menos, ter declarações que possam condicionar a atuação da Justiça e, nesse sentido, o Sr. presidente da Assembleia da República tem que ponderar se consegue ser, nestes quatro meses até às eleições, o garante da independência e da credibilidade que o lugar de presidente da Assembleia da República impõe”, declarou.
O líder parlamentar do PSD sugere que Augusto Santos Silva “avalie bem o que foi a sua entrevista de ontem e que procure não interferir no processo eleitoral”.
“Se tem muita vontade de ajudar o PS, então não terá condições para exercer o cargo”, sublinha Joaquim Miranda Sarmento.
O líder da bancada parlamentar do PSD contesta também a ideia de que o Supremo deve investigar o caso do primeiro-ministro com prioridade até ao dia das eleições. Miranda Sarmento refere que todos são iguais perante a lei.
“Isso não digno nem aceitável"
O líder da Iniciativa Liberal (IL), Rui Rocha, acusa o presidente da Assembleia da República de interferência na justiça.
Em declarações aos jornalistas, no Parlamento, Rui Rocha considera que não é uma posição digna da segunda figura do Estado.
“Essa tentativa de estabelecer um prazo para a investigação é, claramente, uma interferência”, começou por afirmar o líder da IL.
“Nós não sabemos do que estamos a falar, eu espero que Augusto Santos Silva saiba tanto como sobre essa matéria. Se não sabemos como é que podemos dizer que o que está em causa é algo simples, que pode ser acelerado, que pode ser em três ou quatro meses concluído ou se é algo complexo, profundo, que carece de uma investigação mais demorada”, argumenta Rui Rocha.
Rui Rocha pergunta “como é possível neste momento estar a estabelecer um prazo à Justiça?”
“Isso não digno nem aceitável, vindo da segunda figura do Estado”, remata.
Em entrevista à RTP3, o presidente da Assembleia da República defendeu que o Supremo Tribunal de Justiça deve ser “lesto” nas averiguações sobre o primeiro-ministro e concluir o inquérito a António Costa até às eleições.
“Eu creio que nós temos o direito de pedir ao Supremo Tribunal de Justiça que seja lesto na realização do inquérito”, considerou, assinalando que o inquérito “já corre no dia 17 de outubro e, portanto, de 17 de outubro e até 10 de março vão praticamente cinco meses”.
Para Santos Silva, este tempo parece ser “mais que suficiente para que o inquérito seja concluído e as pessoas, o conjunto dos portugueses, saibam da única fonte de que deve saber - que é a justiça - o que é que realmente se passou”.