O Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças (CEPCD) defende em respostas escritas à Renascença que “as restrições de viagens ou fecho das fronteiras não são eficientes nem eficazes contra surtos de doenças respiratórias”. A exceção é se essas medidas forem executadas “de forma abrangente”.
O CEPCD diz que a Organização Mundial de Saúde considera que as medidas abrangentes adotadas pelas autoridades locais na China, que incluíram severas restrições de viagens, tiveram um efeito retardador na epidemia naquele país e internacionalmente, mas durante a pandemia de gripe de 2009, essas medidas abrangentes “mostraram-se viáveis e eficazes apenas em pequenos países insulares isolados”.
Por outro lado, a taxa de contágio da doença em Portugal é até ao momento mais baixa do que em outos países, como por exemplo a Itália.
O organismo europeu que faz o controlo e prevenção de doenças afirma à Renascença que não mede a taxa de contágio, apenas contabiliza os casos detetados. “As diferenças podem ser baseadas nas diferenças do tipo de teste que é aplicado”, explica o CEPCD.
Segundo a mesma instituição europeia as diferentes taxas de contágio são “provavelmente explicadas, em grande parte, pela forma como pela primeira vez o COVID-19 foi introduzido no país”. Outro fator a ter em conta é o de quantas pessoas introduziram o vírus no país, “e quanto tempo elas estiveram sem serem detetadas”.
O CEPCD diz que está a trabalhar com as autoridades nacionais, tendo por objetivo tomar as medidas adequadas para limitar a disseminação do vírus.
“O acompanhamento rigoroso dos contatos e a aplicação de medidas de controlo da infeção é agora a principal prioridade para conter qualquer disseminação adicional do vírus”, refere a mesma instituição nas respostas à Renascença.
Já em relação ao encerramento de escolas, o mesmo organismo salienta que as evidências provenientes de estudos sazonais da pandemia influenza mostraram que fechar os estabelecimentos de ensino “antes do pico da atividade do vírus teve um impacto positivo na redução da transmissão da comunidade e no atraso do pico da atividade influenza”.
“O encerramento das escolas para reduzir a transmissão do COVID-19 deve ser cuidadosamente considerado numa avaliação caso a caso, ponderando o impato dos efeitos adversos que a decisão tem na comunidade, como a necessidade de pais ou responsáveis tirarem uma licença prolongada do trabalho”, enfatiza a CEPCD.
A mesma instituição defende a aplicação de medidas de contenção que impedem ou limitam a transmissão secundária na comunidade e nos serviços de saúde. Para esse fim, os países devem garantir a deteção precoce, a confirmação laboratorial, a gestão adequada e o isolamento de casos suspeitos, prováveis e confirmados sob condições apropriadas, além do rastreamento e acompanhamento rigorosos dos contatos.
“Uma vez que as cadeias de transmissão locais sejam estabelecidas e identificadas, os recursos de saúde pública serão melhor utilizados para se concentrar nas medidas de mitigação”, defende.
Por fim, a mesma instituição confessa que o maior desafio para o controlo de epidemias “é a rapidez com que o quadro epidemiológico está a mudar”. “É difícil estar à frente da epidemia”, remata.